A culpa é da televisão!
Dezembro 16, 2006
Será que a realidade dos divórcios que se assiste hoje em dia, não poderá estar relacionada, ainda que indirectamente, com a tv e literatura?
Não muito antigamente, divórcios, era coisa rara e muito feia. Para evitar a humilhação, as mulheres ou homens ficavam casados mesmo que a relação fosse um inferno. Aguentavam tudo e mais alguma coisa em prol da família.
Entretanto, mudaram-se os tempos, mudaram-se as vontades, e hoje em dia, o casa e descasa é pão nosso de cada dia. Ainda há uns dias, ouvi nas noticias, umas percentagens sobre o numero de divórcios, pena que não recordar dos valores com exactidão, mas eram obscenos.. a tendência é qualquer coisa do tipo, a cada dois casórios, um dá pró torto..
Posto isto, as novelas, por exemplo, começaram há quê? 25-30 anos atrás? Não teria coincidido com o ponto de viragem das mentalidades?
Na ficção, não é hábito focar-se relações quase perfeitas, que muitos casais conseguem manter, porque, diga-se de passagem, não têm sumo, não são emocionantes nem provocam sentimentos contraditórios na audiências... resumindo, não vendem!
O que vende são os problemas, as cenas de ciúmes, as discussões, as mentiras, as traições, os affairs, as separações e as reconciliações...e disso estão as novelas cheias!
Veja-se o caso dos morangos com açúcar, onde num ano lectivo, os protagonistas começam a namorar e zangam-se, e arranjam outros parceiros, e depois deixam esses e voltam aos antigos..ou a típica cena de deixar o/a noivo/a pendurado/a no altar porque à ultima da hora se decidiu fugir com o/a homem/mulher dos seus sonhos..
Não terá isto um efeito "inspirador" nas pessoas? Não poderá quantidade de divórcios que se assiste hoje em dia, ter alguma coisa a ver com o facto de na ficção parecer tão vulgar, encorajando inconscientemente as pessoas a não lutar pelo bem-estar da relação e seguir o caminho que parece mais fácil ou apelativo? Tão cansadas, mudam-se, como quem muda..sei lá...de roupa?
Ok, agora a sério, isto foi apenas mais um "momento iluminado" dos meus, que por acaso me apeteceu a partilhar convosco. Eu sei bem que as coisas não são assim tão lineares, e devemos estar agradecidos pela liberdade que temos hoje em dia para fazer o que achamos ser melhor para nós..
Também sei que é preciso (sorte e) dedicação para que uma relação seja saudável, e existem momentos difíceis, que quando bem conduzidos, podem muito bem servir para cimentar ainda mais a relação, em vez de destrui-la. A dificuldade reside aí, no tacto que é necessário ter para conseguir isso... claro que isto é dito por alguém que nunca teve problemas conjugais, logo não tem grande voto na matéria, logo vai calar-se...agora!