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lost in wonderland

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Jordânia // Mar Morto I

Outubro 15, 2024

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saímos de madaba directos ao mar morto, seguindo pelo percurso mais curto, que atravessava uma zona montanhosa e providenciou umas curvinhas deliciosas.

agora, o cenário arrancou-me sentimentos mistos. se por um lado parecia-me incrivelmente desolador — árido, a vegetação era escassa, rasteira e ressequida (não foi esta estrada, mas dá para ter uma ideia da paisagem); por outro era impressionante, tão diferente daquilo que alguma vez tinha visto na vida. há ali uma zona em espanha que tem algumas semelhanças, mas não aquele nível cruel de nudez e desgaste da superfície terrestre.

entretanto, eis que o grandioso lago começa a surgir no horizonte. um espelho resplandecente, cujo azul se confundia com o do céu. omg, omg, omg!!

assim que deixei a estrada das montanhas estéreis e entrei na autoestrada do vale jordão, vi um par de camelos à beira da estrada e "OMG, CAMELOS, CAMELOS!!" tive um pequeno desequilíbrio mental. mais à frente, o nosso primeiro controlo policial. o sôr agente olhou para mim, cumprimentou-me e mandou-me seguir. aquilo de controlo teve pouco, suponho que quando topam que é turista, mandam logo seguir.

fun fact, o percurso iniciou-se num planalto a 800m de altitude, e terminou a -400m de altitude. e não, infelizmente não acontece nada de transcendental quando passamos para altitude negativa, nem sequer pressão nos ouvidos. bah...

naquela zona só existem resorts, cenas mesmo à grande, e cada um mais luxuoso que o outro. por estarmos quase em cima da data quando fizemos a reserva, já restavam poucas opções. e do que havia, ou era caríssimo, ou o homem não gostava do aspecto dos quartos lol

o hilton era dos que tinha pior pontuação no booking [por acaso agora está mais alta], mas não era o mais caro, e era o que tinha os quartos com melhor aspecto, assim como a praia. decidimos arriscar e reservamos um quartito com vista para o mar (vista para o mar era não-negociável para mim, eu não ia pro mar morto para ficar voltada para as traseiras, né? ainda que fosse só para dormir, não interessa!!)

anyway.. chegamos lá, uma cena massiva, com controlo tipo aeroporto à entrada. malas têm que passar pelo raio-x e pessoas têm que passar pelo portal detector de metais. água não entra (não me perguntem porquê, que eu não sei). o hotel tinha uma vista francamente obscena sobre o lago. 

o recepcionista do check in engraçou connosco, “ah são portugueses? RONALDO, SIIIIM!! tão vou-vos fazer um upgrade para uma suite muito fixe, acho que vão gostar!”

quando entramos no quarto, ou melhor, à suite, íamos tendo um fanico. PQP eu já tive em quartos de hotel luxuosos, mas aquilo era outro nível. maior que o nosso humilde T1, e com uma vista de cortar a respiração. valeu todos os cêntimos e mais alguns! abençoado ronaldo 🙏

vista mar morto

mas por muito confortável aquela cama enorme fosse, e por mais cansada e privada de sono que eu estivesse, lá em baixo, a água salgada chamava por mim como o canto de uma sereia atrai os marinheiros incautos...

enfiei-me no fato de banho e desci os 3 elevadores que davam acesso à praia praticamente a correr.

tava um calor do cacete, mesmo bom para um banhinho refrescante no mar... ou então não, porque a água estava QUENTE!!

epá... não há palavras para explicar o quanto gostei daquela água (apesar da sua textura estranhamente oleosa, e das borbulhas que eu tinha estado a coçar arderem muhahaha). pena que as recomendações fossem para não estar lá dentro mais do que 15 minutos, se não tinha passado lá a tarde, a noite, e a manhã seguinte lá dentro.

mar morto

a cena de não conseguirmos ir ao fundo mesmo que tentemos forçar é SUPER estranha. não dá mesmo!! e nadar também é incrivelmente difícil. das vezes que tentei, só fui bem sucedida em fuçar com a cara na água. uma pessoa quem que se contentar em ficar ali a rebolar-se que nem uma lontra. e ter cuidado para não esfregar os olhos. NÃO ESFREGAR OS OLHOS. vai arder durante meia hora lol

a segunda coisa mais concorrida a seguir à mangueira de água [doce] que a malta usava para se lavar depois de sair da água [salgada] (LOL) era a pia de lama. uma pessoa ir ao mar morto e não se besuntar em lama é tipo ir a roma e não ver o papa. num dos momentos em que ninguém lá estava, aproximei-me, espetei lá o dedo e saquei um bocado para inspeccionar. uma cena densa, ligeiramente mais líquida que barro e menos líquida que lama. as cores andavam ali entre tons de verde escuro e verde muito escuro. e tinha um cheiro tão manhoso como a textura e a cor. assim de repente, não achei interessante a ideia de me besuntar naquela gosma.

lama

um dos maiores contrastes nesta praia foi uma mulher praticamente nua num micro bikini, e outra mulher tapada da cabeça aos pés num burkini, mas ninguém parecia incomodado com aquelas liberdades. suponho que estejam mais do que habituados. eu também tive um nip slip depois de me ter lavado debaixo da mangueira e ninguém me disse nada, andei com uma mama quase de fora sem dar por isso. não admira aquele cota chinês que se cruzou comigo me dar um sorriso maroto 😒 

uma das características mais famosas do mar morto, para além da água ser quase 10x mais salgada que a do oceano, a sua superfície está a 430 metros abaixo do nível do mar, o que faz deste o lugar com a elevação terrestre mais baixa da terra — se senti alguma coisa de diferente por estar quase meio km do nível no mar? não. era como se tivesse noutro lugar qualquer... muito anti-climático, na minha opinião.

durante o jantar no restaurante libanês do hotel (os chineses invadiram o buffet e nós estávamos a morrer de fome para esperar mais meia hora) aprendemos as primeiras palavras em árabe. A nossa hostess era super simpática e não se importou em responder à nossa enxurrada de perguntas, e ainda nos deu umas dicas fixes sobre o que devíamos experimentar comer e em que tipo de restaurantes.

no dia seguinte, acordamos cedo porque nenhum minuto no paraíso salgado será desperdiçado! vai daí, depois do pequeno almoço arrumamos a tralha, deixamos a bagagem na recepção, e fomos prá praia.

depois de muito olhar para a pia de lama finalmente ganhei coragem e fui-me besuntar de cima a baixo. tipo, tenho a certeza que me ia arrepender se não o fizesse — e eu não gosto de me arrepender do que não faço. O homem não teve coragem, wuss

depois e empastada, a lama tinha que secar para fazer a sua magia. mas tava a sentir-me tão javarda que não consegui esperar que aquilo secasse totalmente. acho que aguentei 10 minutos e depois fui devolver a lama à sua procedência...

QUEEEE NOOOOOIJO 🤢

fiquei sem perceber porque é que raio o hilton tinha tão má pontuação no booking. foi uma das melhores experiências em alojamento que já tive. suponho que seja por não ser tão exigente como a maioria da tropa que frequenta hotéis de luxo 🤷‍♀️

continua...

Jordânia // Chegar lá

Outubro 14, 2024

mas antes disso,

uma das muitas coisas que levantam dúvidas sobre este destino é que tipo de roupa levar.

a jordânia é um país predominantemente muçulmano, com normas sociais conservadoras. apesar de ser bastante relaxado nas zonas urbanas e turísticas, é de bom tom os visitantes respeitarem a cultura e costumes locais.
a regra geral é que tanto homens e mulheres cubram o máximo de pele possível. as mulheres devem evitar andar com os ombros, joelhos, barriga e decote à vista, assim como usar roupa justa ou reveladora. os homens devem evitar usar calções e t-shirts que mostrem os ombros.

mas fiquei com a sensação de ser uma preocupação um bocado exagerada, pois os estrangeiros andavam por lá vestidos como se estivessem num qualquer pais do ocidente, e não vi, em momento algum, os locais a implicarem com isso.

depois há que considerar o clima também. durante o outono, os dias são quentes e as noites podem ser frias, especialmente no deserto. por isso convém levar alguma roupa quente. portantos, um dos maiores desafios da viagem foi fazer caber bagagem para 8 dias numa mochila de 40 x 20 x 25, sem lhe rebentar as costuras lol e se levamos roupa a mais? claro que sim!

os voos eram aqueles que nos levavam para lá ao preço mais em conta. felizmente já existem lowcosts a voar para a jordânia, o que torna a coisa mais amiga da carteira (apesar dos horários estapafúrdios).

porque não existem voos directos a partir de PT, o nosso salto seria em milão. o primeiro voo saída de lisboa às 6h10, o segundo saía de milão às 4h30 do dia seguinte, o que significava uma escala de 18 horas. a boa notícia é que dava para conhecer milão. a má noticia, é que não íamos dormir nada na véspera (como de costume), e iríamos andar todos grogues o resto do dia + voo às 4 da manhã, eram dois dias sem dormir — e como isso seria a morte do artista, comecei a ver quais eram as minhas possibilidades para dormir durante a escala...

...e foi assim que descobri que existem alguns hotéis que disponibilizam reservas de curta duração (day use), que se iniciam pela manhã e terminam ao final da tarde (tipo entrar as 9h e sair as 18h). é genial e absolutamente lifesaver.

o moxy que existe junto do terminal 2 de malpensa tinha este tipo de estadias. tão foi sair do aeroporto, atravessar a estrada, fazer o check in, tomar o pequeno almoço, e ir dormir lol

às seis da tarde apanhamos um transfer para milão e fomos ver as modas. não achei a cidade nada de especial. só lá volto de tiver outra vez uma porrada de horas de seca no aeroporto (e mesmo assim...).

regressamos ao aeroporto por volta da meia noite, o check in abria por volta das 3 da manhã. secaaaaaa. ainda por cima, tava tudo fechado, nem um cafézinho aberto, que miséria de aeroporto.

o voo para ammam saiu sem grandes atrasos. o passeio por milão deve ter dado cabo de mim porque dormi a viagem quase toda, nem sei como tal coisa foi possível dado o meu estado de exitação quase a roçar o histerismo. quando acordei, já perto do final da viagem, olhei para o chão lá em baixo, e só vi castanho. kms e kms de castanho que coisa tão desoladora... “omg, ondé que me vim meter”, pensei.

jordan from above

aterramos e fomos para a fila da imigração, para obter o visto de entrada. o governo tem uma opção muito interessante para quem vai lá em turismo e pretende ficar mais do que 3 noites, o jordan pass. custa 70 JOD (~90 EUR) e isenta as taxas do visto de turismo (que custam 40 JOD ~ 52 EUR), e inclui entrada gratuita para cerca de 40 atracções, incluindo petra. se levarmos em conta que a entrada em petra para 1 dia custa 50 JOD (64 EUR), mais de que compensa. carimbo no passaporte e siga pa bingo.

first things first, comprar um cartão SIM pré-pago para ter internet.

existem 3 operadores de comunicações moveis na jordânia: a zain, a orange e a umniah. as duas primeiras são as que têm melhor cobertura, e basicamente escolhemos aquela que nos apareceu à frente primeiro, que calhou ser a zain. como temos um hotspot, um cartão chegou para os dois telemóveis.

a segunda coisa seria comer. não tínhamos comido grande coisa na noite anterior estávamos a morrer de fome, só que o mano da rent a car já lá estava a levar seca à nossa espera, o pequeno-almoço teria que esperar.

optei por alugar o carro numa rent a car local que tinha boas reviews, e de facto a coisa foi bastante descomplicada. pedi um carro automático (porque agora não quero outra coisa muahahahah) com seguro contra-tudo-e-mais-um-par-de-botas (porque aquela malta de lá tem fama de ser maluca ao volante, e as estradas podem ser um bocado traiçoeiras). as comunicações por whatsapp começaram uns dias antes, para garantir que estava tudo alinhado. à hora marcada, um representante foi-nos buscar ao aeroporto já naquela que ira ser a nossa viatura, um nissan kicks (basicamente um juke da temu) e levou-nos até ao escritório, não muito longe do aeroporto, para tratar a papelada e pagar.

posto isto, estávamos por nossa conta. agora sim, podemos finalmente ir COMER!!

mas podíamos comer já a caminho do mar morto, né? traçamos o percurso no google maps para ver o que é que havia pelo caminho, e madaba, uma das maiores cidades do pais e ponto turístico ficava de caminho. era mesmo ali que iríamos parar.

como pais em vias de desenvolvimento, o contraste com realidade a que um europeu que pouco sai da sua bolha pode causar um choque. senti isto nos primeiros momentos de lá estar. aquilo que salta logo à vista é lixo. lixo por todo lado. epá...

“ondé que me vim meter”, ia pensando ao longo do caminho... ONDÉ QUE ME VIM METER”, pensei ao entrar na cidade.

parecia que nenhuma casa estava acabada, os carros todos velhos e/ou batidos, tudo assim um bocado mal amanhado. tenho que confessar que me fez um bocado de confusão...

ok e ondé que se come aqui? optamos para ir até a um centro comercial que era das coisas com melhor aspecto ali, e acabamos no mc donalds. para sobremesa fomos a uma loja de donuts porque eu não consigo resistir a donuts.

depois do estômago finalmente aconchegado, fomos à procura dum supermercado para ir comprar água e uns snacks.
quando estávamos na caixa para pagar, o cota que tava atrás de nós, e que nos ouviu a falar português, meteu-se connosco. "olá", "como está?", "obrigado", e "RONALDO. SIIIIIM!!!" e nós sem saber bem como responder... que vergonha, o homem sabia mais português que nós árabe (que nesta altura eram exactamente 0 palavras) 😅

continua →

Lost in... Jordânia

Outubro 09, 2024

faz hoje um ano que nos metemos a caminho de lá, e porque eu tou com umas saudades horrorosas daquele sítio, vou aproveitar o espírito para fazer o que já devia ter feito há meses: registar a viagem em detalhe, para memória futura.

para quem cresceu fã das aventuras do indiana jones, petra está no topo dos locais míticos a visitar pelo menos uma vez na vida. já o mar morto sempre me fascinou pelas características peculiares daquele lago de água salgadíssima, onde se flutua sem qualquer dificuldade, situado a umas quantas centenas de metros abaixo do nível do mar (uma coisa um bocado estranha de conceber). e mais recentemente, o wadi rum, um deserto que tem servido de sucedâneo para marte e outros mundos alienígenas. cada vez que via aquelas paisagens no ecrã, toda a minha alma gritava, “TENS QUE IR ALI!!!” ou “QUANDO É QUE VAIS ALI??”

mas tinha cá para mim que era uma viagem complicada de concretizar, que provavelmente só alinhando numa daquelas excursões organizadas chapa 5, caríssimas e com o roteiro fechado. para não falar na localização do país, o médio oriente é uma zona do globo que não inspira lá muita confiança, devido ao risco de ataques terroristas, diferenças culturais, religião, e what not...

até que em meados do ano passado, a conversar com um colega, puto novito, diz-me que já lá tinha estado, por conta própria, e que tinha sido super tranquilo. e aquilo ficou-me ali a fazer cócegas na cabeça.

chega setembro e sucede que tenho que adiar das férias que tinha marcadas no inicio do mês, que estavam estrategicamente reservadas para aproveitar os últimos dias de praia do ano. tão e agora, onde é que raio vou fazer férias em outubro? e foi então que tive ideia brilhante,

“e se fossemos à jordânia?”

em poucas horas de chafurdanço nas internets chego à conclusão que sim, é uma viagem bastante fazível. apesar da vizinhança problemática, a economia da jordânia depende muito do turismo, o que o torna o pais seguro e mais relaxado a nível de liberdades, e a malta é bem recebida mesmo não sabendo uma única palavra de árabe. era tudo o que precisava de saber para começar a alinhavar a viagem. ainda por cima, diz que outubro é das melhores alturas do ano para ir lá, pois já não esta muito calor e o frio ainda não chegou. tipo, TAVA NAS CARTAS, cacete!!

nas duas semanas seguintes tratei de planear uma roadtrip que se adivinhava épica. sabia muito bem os sítios que queria visitar, só tinha que os conciliar com o tempo que tínhamos disponível, e decidir onde dormir, para ir logo com isso tudo marcado. é que uma coisa é viajar à balda pela europa, outra é ir prás arábias...

como de costume, viagens planeadas em cima da hora acabam por sair sempre mais caras. porque os bilhetes de avião vão aumentando de preço à medida que a data se aproxima (e porque às vezes as pessoas fazem asneiras tipo comprar os voos com as datas erradas), e os alojamentos mais fixes e/ou baratos vão esgotando, etc etc. ainda assim, não saiu mais cara do que comprar uma das tais viagens de grupo numa agência.

tão o nosso destino ficou traçado da seguinte forma: 2 noites no mar morto (em sítios diferentes), 2 noites em petra, e 4 noites em wadi rum (em 2 sítios diferentes). houve sítios populares que ficaram de fora tipo amman (lol ya), jerash e aqaba, mas o tempo é finito e temos que definir as nossas prioridades. e o que eu mais queria ir lá fazer, era mesmo passear-me no deserto. 

e porque as coisas não têm piada quando correm como esperado, o universo decidiu armar-se em parvo... a dois dias da partida, o hamas decidiu atacar israel e armou-se uma situação complicada mesmo ali ao lado... opá!

e agora, o que fazemos? vamos? não vamos? 

nem era bem pela pipa de massa que já tínhamos enterrado, até porque faço sempre o seguro de viagem com cancelamento incluído, era mais pelas expectativas que iam pelo cano abaixo... mas eu não atiro a toalha ao chão assim com tanta facilidade, e fui perguntar a quem vive lá como é que estávamos a nível de situação.

segundo a malta no reddit, aquele tipo de conflitos eram comuns (ainda não se conseguia prever que ia durar mais de um ano e escalar como escalou 😑), mas nem por isso afectavam a jordânia, que preza muito a sua segurança. quanto muito podia haver um aumento de controlo policial nas estradas, por motivos de segurança, ou protestos em cidades maiores...

bom, por mim SIGA!!

e foi tão... TÃO fixe. as diferenças — OMG as diferenças — do que estamos habituados, a geografia, a cultura, a língua. a sensação de estarmos completamente fora do nosso elemento, as cidades, as pessoas, os hábitos, a comida. aquele nervoso miudinho que vem da excitação da descoberta uma realidade diferente da nossa, de coisas que estamos a ver pela primeira vez ao vivo e a cores. da realização de um sonho.

foi o primeiro dos destinos do meu TOP 5 que visitei, e foi uma uma viagem (e experiência) absolutamente incrível!

aqui fica o resumo dos próximos posts,

Sardenha // Ólbia — Cannigione

Fevereiro 08, 2024

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o meu roteiro inicial sugeria que de ólbia seguissemos para cima, para porto cervo, para descobrir a tão famosa costa smeralda. em vez disso, fomos no sentido inverso, passar o dia a porto istana. porquê? duas razões,

— a primeira, porque o homem meteu-se à conversa com o dono do B&B onde ficámos alojados, que lhe falou tão bem da ilha de la maddalena e das actividades que podíamos fazer lá, que eu fiquei com vergonha de ter apenas um mísero dia reservado para lá...

— a segunda, eu estava fascinadíssima com a ilha de tavolara, e queria passar o dia a olhar para ela. idealmente alugar um bote para ir visitá-la mais de perto.

então, naquela manhã tomamos uma decisão de animo pesado — iríamos deixar la maddalena para segundas núpcias, para podermos passar lá 2 ou 3 dias para aproveitá-la decentemente, em vez de uma visita à velocidade da luz só para dizer estivemos lá.

posto isto, siga para porto istana, onde passamos o dia (ou melhor, a tarde). de caminho passamos por um hipermercado, para ir buscar o farnel para o dia, mas que por ser tão grande e ter tanta coisa, poderemos ter passado lá mais tempo que o aceitável para quem está em viagem... como se não tivesse estado num parecido uns dias antes... enfim, eu e a minha panca pelos supermercados estrangeiros 😑

acabamos por não alugar o barco porque já chegamos à praia um bocado tarde para esse tipo de actividades, mas não se perdeu nada porque estava assim pró ventoso. a praia não estava a abarrotar e deu para ficar ali de papo pró ar umas horitas e marinar um bocado naquela água maravilhosa.

Porto Istana
Porto Istana

entretanto decidimos que, em vez de voltarmos a pernoitar em ólbia, iríamos um bocadinho mais para cima, até a uma pequena cidade chamada cannigione, que parecia ser um bom ponto de partida para explorar a costa smeralda.

cidadezita essa, que estava cheia de turistas, mas parecia bastante pacata e descontraída. ficamos num alojamento muito giro, mesmo no centro.

Chiesa di San Giovanni Battista

continua...

Sardenha // Cala Gonone — Ólbia

Janeiro 07, 2024

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deixamos cala gonone (muito a contragosto) com destino à zona de san teodoro, onde tinha umas quantas praias assinaladas no mapa.

já estavamos às voltas à procura de lugar no parque de estacionamento de lu impostu quando reparei nos avisos do acesso reservado às praias, e lembrei-me que me esqueci (lol) de comprar os acessos para aquelas praias... o parque a abarrotar e levei uma porrada de tempo até encontrar lugar, e depois fui ver se ainda conseguiamos visitar alguma das duas praia que aquele estacionamento serve, ou se tinhamos que bazar.

felizmente dava para reservar o acesso no próprio dia. já não havia acessos para a cala brandinchi, mas ainda havia para lu impostu. menos mal, era da forma como não desperdiçava o tempo e o dinheiro gasto por ter andado às voltas no parque estacionamento.

estacionamos ao lado de uma pequena oliveira que estava pejada de cigarras, e que estavam a fazer uma barulheira incrível, até me custava a ouvir os meus próprios pensamentos lol

enquanto andávamos a juntar as coisas para levar para a praia, começo a sentir-me um bocado tonta e a perder as forças. mau.. achei melhor ir sentar-me no banco traseiro do carro antes que caísse pro lado. mesmo com as portas abertas a fazer corrente de ar, aquilo não melhorava... já estava a hiperventilar e a sentir-me mal disposta. às tantas agarrei numa garrafa de água para dar uns goles mas acabei por despejá-la por cima, sem me preocupar sequer se estava a molhar os estofos. uns minutos depois e a coisa lá começou a atenuar.

teve tanto de súbito como de estranho. não me parece que tenha sido uma insolação, porque aconteceu prai 5 minutos depois estar exposta ao calor, e estavam praí 30ºC na rua, não era uma temperatura que justificasse tal coisa. choque térmico também duvido, porque nunca tenho A/C do carro abaixo dos 22ºC. mais depressa desconfio que fosse do barulho ensurdecedor das cigarras do que do calor. homem estava fresco e fofo, fosse o que fosse que me deu, passou-lhe completamente ao lado.

aguardamos mais uns momentos para ter a certeza que o chilique tinha passado, e depois agarramos na tralha e fomos para a praia.

assentamos arraiais, mas acabamos por não ficar lá muito tempo... a praia estava a rebentar pelas costuras e o barulho daquela multidão era quase tão alto como o das cigarras ao pé do carro. além disso a praia também não parecia nada de especial... mas não ponho de parte a hipótese que pudéssemos estar enviesados por termos passado passado o dia anterior em praias realmente épicas 😅

pegamos na tralha e fomos para a praia de la cinta, não muito longe ali, que é baaaaaastante maior que aquela e não precisa de reserva. pelo caminho paramos num supermercado e compramos o farnel do dia: saladas, atum em conserva, presunto e queijo, e gressinos. já disse que fiquei fã dos supermercados na sardenha? opá.....

bom, la cinta era definitivamente maior, e apesar de também estar à pinha, as pessoas não estavam em cima umas das outras, como na praia de lu impostu. e agora que estávamos finalmente acomodados, começamos a pensar onde é que iramos dormir naquela noite.

praia de la cinta

a dada altura tivemos um daqueles momentos mega parvos [e que é mais uma private joke que outra coisa qualquer, mas que não me quero esquecer porque teve mesmo muita piada para nós]. sucede passamos a roadtrip toda a ouvir em repeat a minha playlist do the kiffness, e uma das músicas é a very good, very nice. e nós andávamos constantemente e regurgitar as músicas.

ora praia que é praia, tem vendedores ambulantes de bugigangas. e ali naquela zona muitos devem vir ali de áfrica, portanto têm aquele inglês com sotaque africano. estávamos tranquilamente a chillar nas toalhas, quando se aproxima um destes vendedores, e pergunta ao homem se quer um chapéu ou um colar, que é "very nice, for a very good price"...... eu não estava a olhar para o homem, mas pelo engasgo dele ao responder-lhe "no, no thank you", consigo sentir perfeitamente o esforço brutal que ele fez para segurar uma gargalhada gigante.
quando o tipo finalmente se afastou, e estava a uma distancia segura, desmanchamos-nos os dois a rir que nem umas hienas. segundo o homem, o pior não foi conter o riso, foi não começar a cantar a música 🤣🤣🤣

não foi dos melhores dias de praia, mas ficamos lá até já não estar praticamente ninguém. quando retornamos ao estacionamento, o único carro que lá estava era o nosso. percebemos o motivo quando nos aproximamos da máquina para ir pagar o estacionamento, e um funcionário veio ter connosco — o parque fechava às 20h, e já eram 20h30... long story short, por estarmos a sair fora de horas, tivemos que pagar uma multa de 10€... no total, 18€ de estacionamento para umas 5 horas de praia... 😑

os avisos estavam lá, nós é que não reparamos deles, com a cegueira de chegar à praia. além disso, eu tinha lido que aquele tipo de coisas aconteciam, mas passou-me completamente... oh well, vivendo e aprendendo.

dali fomos para ólbia, que assim ao menos visitávamos uma cidade grande. escolhemos um B&B perto do centro histórico, depois de termos tentado um outro antes, e de ter recebido uma lista de regras tão extensa (e estúpida) que decidimos responder “thanks but no thanks”. foda-se… a avaliar pelas reviews que depois estivemos a ler no google, calhava um de nos dar um peido mais alto a meio da noite que corriam logo connosco 🫠

distraimo-nos um bocado com as horas, e as opções para jantar ficaram um bocado limitadas. jantamos numa pizzaria que nos foi recomendada pelo dono do B&B, que estava aberta até mais tarde. era parecida à pizzaria que tínhamos estado em teulada, é mais take-away que restaurante, mas tem uma pequena esplanada para que se quiser servir ali. pena que as pizzas não eram tão boas como na outra.

depois demos uma granda volta pelo centro histórico e pela zona ribeirinha, provavelmente ia ser a única oportunidade de vermos alguma coisa da cidade. por acaso até tem umas ruas engraçadas, mas há muito edifício a implorar para ser renovado.

continua →

Ai ai ai 2023

Janeiro 01, 2024

tinhas tudo para ser o melhor ano de sempre. um ano em que,

— assisti a um dos melhores concertos da minha vida (roger waters), e vinguei FINALMENTE o concerto de prodigy.
— passei uma semana e meia enfiada em praias parasidiacas na sardenha;
— viajei para um dos paises do meu top 5 e foi a viagem mais incrivel que fiz até aos dias de hoje;
— voltei a paris com uma das sobrinhas a reboque;
—  passei pa cacete (porto, coimbra, serra da estrela, alentejo). 

ano mais desafiante da minha vida profissional, com desafios que nunca tinha tido, que me meteram à prova e me mostraram que sou capaz de fazer tudo o que tem que ser feito, mas que vestir a camisola pela empresa onde trabalhamos e dar tudo por ela se calhar não é uma ideia tão boa quanto nos fazem crer.

fizemos montes de melhorias cá em casa, mudamos finamente o sommier que estava totalmente destruido pelas gatas, e a cair aos bocados pelo uso, substituimos o lavatório que estava todo rachado, metemos mais arrumação na arrecadação, substituimos o sofá e a secretaria e ficamos com o open space mais home office friendly

...mas faltou-te um bocadinho assim 🤏 

sad.

anyways, o video do 1second everyday este ano está um bocado aldrabado, porque tive muitos dias em que não arranjei assunto para fazer segundos, e para não andar a meter ainda mais segundos de comida e gatos, achei que não fazia mal facarem vazios. até porque tive dias em que o segundo não foi bem 1s, mas sim 1.5s, ou 2s, ou 3, e tive dias tão cheios de coisas fixes que acabei por adicionar mais do que um segundo.

Sardenha // Golfo de Orosei

Dezembro 27, 2023

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o golfo de orosei é conhecido por ter das praias mais bonitas da sardenha, e se eu estava na sardenha por causa das praias, É LÓGICO que tinha que ir conhecer aquelas!

algumas destas praias têm acesso por terra, mas requerem uma caminhada valente. além disso, a mais bonita delas todas tem lotação limitada e paga-se o acesso. pelo que a forma mais recomendada para visitá-las é por mar.

existem três opções: ou cruzeiro/excursão, ou alugar um barco com condutor, ou alugar um pequeno bote...

ora, eu não tenho carta de navegação, a minha experiência a operar embarcações de recreio resume-se a canoas, gaivotas, pranchas de stand up paddle, e colchões insufláveis...

...MAS!

aparentemente não era preciso carta de navegação — ou experiência sequer! para alugar um pequeno barco insuflável com motor de baixa potência na sardenha 😲

opá se é assim, "isto tem que acontecer!!!", declarei!

daí que o assunto que me levou ao porto da cala gonone no dia anterior foi precisamente ir alugar um bote.
tinha googlado as minhas opções, que não eram poucas, mas chego lá e vejo mais de 15 barracas dispostas em rectângulo, SÓ para alugar botes e passeios de barco!!
caneco, quem não fez o trabalho de casa deve-se ver grego para escolher uma 😵‍💫

acontece que a minha primeira opção já não tinha barcos para alugar, mas indicou-nos que o vizinho da tasca ao lado ainda tinha UM!!
aparentemente estavam previstas condições excelentes para o dia seguinte, e houve uma corrida maluca aos barcos (e não haviam poucos!!)

enquanto o homem se meteu na conversa com a rapariga do primeiro quiosque, eu tratei de segurar o bote.

— "...mas eu nunca conduzi um barco na minha vida, tens a certeza que posso? mesmo?"
— "na boa, não há problema nenhum. eles depois explicam-te como o barco funciona, é muito fácil!"

...se eles não estão preocupados, porque é que haveria eu de estar? 🤷‍♀️

no dia seguinte, a caminho do porto, tomamos o pequeno almoço e compramos farnel para o dia, e às nove da manhã estávamos na fila para receber a nossa embarcação. era um vai e vem de botes que era uma coisa doida, porque os operadores têm os barcos de aluguer "estacionados" fora do porto, e vêm buscar os fregueses.

nisto chega a nossa boleia e 5 minutos depois estávamos no barco, a receber instruções sobre o funcionamento, regras de aproximação às praias, cuidados a ter, etc etc.

"estão a ver esta alavanca? ao centro é neutro, para cima acelera, para baixo faz marcha atrás. para meter o motor a funcionar é só dar à chave. sempre que quiserem parar por algum tempo, lancem a âncora e levantem o motor, e não se esqueçam de recolher a âncora quando partirem. não passem para lá deste ponto (aponta no mapa), nem se afastem muito da costa. se acabar o combustível, tá aqui a reserva (aponta para um jerrican debaixo do assento). tão aqui os números de emergência yada yada, avisem quando estiverem neste ponto yada yada... e até logo!" foi mais ou menos isto lol

20 minutos depois tava a jardar o barco como se tivesse nascido práquilo 🤩

fomos directos à jóia da coroa, a cala goloritzé, que também era a mais mais distante, e onde provavelmente íamos ficar mais tempo, e convinha chegar lá cedo, que o sol desaparecia por de trás da montanha por volta das 3 da tarde.

...e tal como o algodão, as fotos não mentem... fónix, que o raio da “praia” é mesmo bonita!!

cala goloritze

praia entre aspas porque aquilo não tem areia (só cascalho) e tão pequena que mal dá para estender a toalha. mesma assim, tava à pinha.

"estacionar" o barco foi processo que demorou algum tempo.. até aprendermos a controlar o barco parado, porque a corrente insistia em levá-lo para terra, e não podíamos estar dentro da zona limitada se não vinha um guarda berrar connosco, mais o cuidado que tínhamos que ter para não bater noutros barcos (igualmente a serem manobrados por pessoas sem experiência nenhuma na coisa) a tentar fazer o mesmo, e ainda ter a certeza que estava bem ancorado para não sair do sítio. mas às tantas lá conseguimos, e eu estava mais do que pronta para me atirar para dentro daquela água maravilhosa.

e foi neste momento que demos pelo fuck-up do dia... esquecem-nos de trazer o drone.......

noooo

cum crl, ainda por cima o o gajo do barco ao lado tinha um igual. tive quase para lhe cravar as filmagens 😫

para chegar à praia era preciso ir nado, e a nado eu fui. aliás, fomos os dois, à vez, para não abandonar o barco, porque ainda era longe e demorava um bocado a chegar lá pelos próprios meios. mas valeu totalmente a pena, que a praia pode ser pequena, mas é tão, mas TÃO bonita 🥹

depois de termos enchido a barriga daquele sítio extraordinário, fomos navegando na direcção da cala gonone e parando em frente a todas as outras praias. mas não chegávamos a ir para terra, porque era bem mais interessante mandar mergulhos do barco, nadar com os peixinhos, ou simplesmente ficar a flutuar naquelas águas cristalinas, com uma temperatura obscena, e um cenário de cortar a respiração.

sem palavras.

golfo de orosei
Cala dei Gabbiani
Cala Luna
Cala Luna Cala Luna

chegamos a terra brutalmente cansados — entre conduzir o barco (e o levanta baixa motor, e âncora, e sombra, e remar para trás e para a frente para não encalhar noutros barcos ou passar os limites), e saltar para dentro de água e subir para o barco e repetir até à exaustão... mas estupidamente felizes pelo dia fantástico naquela costa magnifica.
quase, quase que ficamos mais um dia, para repetir a experiência — E LEVAR O DRONE!!, mas a brincadeira não sai propriamente barata, o aluguer do barco + combustível rondou os 200€.

só sei que aquele sítio arruinou as praias portuguesas para mim. aliás, agora percebo porque é que nem por isso se vêm muitos italianos no algarve. com praias daquelas, fora para surf, não vêm para cá fazer nada...

o homem passou o dia todo a perguntar quando é que nos mudávamos para ali... realmente, não era nada má ideia 😁

entretanto, se eu já andava há montes de anos com vontade de tirar a carta de patrão local, aquilo serviu para me deixar com mais vontade ainda. adorei conduzir o barco, foi super divertido.

nasci para isto

continua

Sardenha // Costa Rei — Cala Gonone

Dezembro 06, 2023

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ao sexto dia na sardenha demos o segundo maior salto no mapa, desde a costa rei até cala gonone (cerca de 150km). pelo caminho atravessamos uma zona montanhosa BRUTAAAAL!! passei-me TANTO naquela estrada, que no ponto mais alto chegava quase aos 1000 metros de altitude. que curvas e contra-curvas tão satisfatórias, que asfalto tão suave, que vistas tão majestosas... 😱😱😱

canyon gorropu
canyon gorropu

claro que às tantas tivemos que parar para apreciar devidamente aquela paisagem obscena.

canyon gorropu
gorropu

canyon gorropu deve ser fantástico para fazer caminhadas, fiquei com pena de não termos oportunidade para calcar aquelas montanhas.

canyon gorropu

depois de quase 3h agarrada ao volante, e depois de um desvio até dorgali a ver se era um bom candidato para passarmos a noite (não era), chegávamos finalmente ao destino do dia.

cala gonone fica no golfo de orosei, que é um dos principais pontos turísticos da sardenha, logo os preços do alojamento reflecte a fama. mas como nenhum dos que estavam disponíveis no booking nos convenceu (para os preços que pediam), fomos para o parque de campismo (que também nem por isso saia barato).

apesar de ficar à beira da estrada principal, e na zona mais exposta ser um bocado barulhento por causa do trânsito, e as instalações serem um bocado antigas, não era mau de todo. para mim bastou-me o facto de ser um pinhal digno do nome, em vez de ter meia dúzia de eucaliptos tísicos que não fazem sobra nenhuma. tinha aquele cheirinho a resina que tanto gosto, e o som do vento a passar pelas agulhas dos pinheiros é dos meus sons favoritos na natureza.

montamos o arraial e depois descemos até ao porto, que eu tinha um assunto para ir tratar lá.

cala gonone foi amor à primeira vista. é a combinação perfeita de mar e montanha, tem um cenário absolutamente deslumbrante. 

a vila em si não é muito grande e pareceu que boa parte das casas são de férias. mas apesar de totalmente voltada para o turismo e de estar bastante populada já no início de julho, parecia pacata e a malta local bastante simpática. e a maioria falava inglês decente. até os turistas pareciam atinados. a maioria eram italianos.

na avenida principal, que tem uma vista incrível sobre o oceano, como seria de esperar, são hoteis e restaurantes porta-sim-porta-sim. e também não faltam lojas de jóias e artesanato local e centros para reservar actividades. nessa tarde/noite jantamos cedo, num restaurante frequentado por gatos vadios, que não me largavam porque eu tava sempre a dar-lhes comida, e depois fomos curtir a vila. havia lá uma festarola qualquer mas não era nada de especial, só tascas de comes e bebes e pouco mais.

o passeio junto ao mar é super agradável e tem praia em praticamente toda a sua extensão. pareceu-me ser um excelente sítio para ficar uma semana de férias, com tanto para ver e fazer ali naquelas paragens.

cala gonone

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Sardenha // Costa Rei

Dezembro 05, 2023

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já não acampávamos desde 2017 (OMG, fidaputa do tempo passa tão rápidoooooo 😱😱😱), e as minhas costas não acharam lá muita piada ao colchão insuflável, que se calhar aos 37 é tolerável, mas aos 43 nem por isso. acho que precisamos de um upgrade. passei muito tempo às voltas até me deixar dormir, e ainda acordei umas quantas vezes, bah!

diria que a estadia no camping do capo ferrato não sai particularmente barata, mas as instalações são impecáveis. havia papel higiénico nos wc's, e dispenseiros com sabonete líquido, coisa que muito raramente (se alguma vez) se apanha em parques de campismo (pelo menos em portugal), a não ser que alguma alma descuidada se tenha esquecido deles. haviam wc's com bidé inclusive na casa de banho dos homens, e colunas de som, sintonizadas numa qualquer rádio que passava êxitos italianos dia e noite (e que dão a sensação que no que respeita a música, aquela malta parou nos anos 80 e há qualquer coisa de mágico nisso), e ter som ambiente quando se vai fazer o nº 2 num wc púbico torna a coisa menos constrangedora.

o supermercado, apesar de pequeno, tinha tudo o que era necessário para a malta se governar. íamos lá todos os dias buscar o pequeno-almoço e o lanche.

no primeiro dia no camping sucedeu um fenómeno interessante. já havia dias que andávamos a receber alertas de mau tempo no telemóvel, mas aquilo era estranho porque quando ia consultar a meteorologia, não via motivos para tal. vai-se a ver, eram testes de alarmes à população (os avisos estavam em italiano e inglês), em caso de emergência grave. havia um teste em particular que estava marcado para o meio-dia. e ao meio dia todos os telemóveis que estavam na sardenha emitiram um aviso sonoro. foi uma experiência interessante, ouvir dezenas, provavelmente centenas de telemóveis, cada qual com o seu toque de alerta, a tocar em uníssono.

neste dia ficamo-nos pelas praias das redondezas, a começar pela praia de ginestre, porque ficava literalmente à frente do parque,

camping capo ferrato praia de ginestre

depois fomos andando para à direita, até à rocha do pepino, e subimos o morro para ir espreitar a praia de santa giusta que até parecia fixe... não tivesse sido invadida por algas foleiras.

rocha do pepino

o dia tava ventoso, mas por acaso ali perto da rocha do pepino até estava abrigado, então estacionamos ali um par de horas. a temperatura da água estava brutal e o sol super forte, pelo que passei bastante mais tempo enfiada dentro de água do que fora.

mais tarde pegamos no carro, que eu estava com o fogo no cu para ir checkar a cala pira, o primeiro local na sardenha onde depositei uma estrela nos mapas do google, quando há uns anos me apareceu no feed do instagram.

cala pira

a praia é de facto muito bonita, mas estava demasiado exposta ao vento acabamos por não ficar muito tempo. as casas em frente à praia é que me despertaram a curiosidade. parece-me um sítio espectacular para alugar uma casa de férias (se é que os proprietários as alugam... mas até compreendo se não o fizerem, se eu tivesse ali uma casa alugava mas era o crl 😆).

seguiu-se a cala sinzias, que por estar mais abrigada, ainda rendeu uns quantos mergulhos no mar.

ao jantar, porque o homem tava de apetites a peixe, fomos a um restaurante um bocado mais catita, e que estava à pinha, apesar de não ter achado nada de especial. pastas e pizzas os italianos sabem fazer, assar peixe é discutível lol

janta

ainda assim, deixamos reserva para o dia seguinte porque haviam cenas na ementa que ficamos com curiosidade em experimentar.

no segundo dia fomos para os lados de villasimius, mas antes de irmos bater com os costados na praia, tínhamos uma encomenda da amazon para levantar num cacifo num supermercado da vila. e claro, que indo a um supermercado, aproveitamos para comprar o lanche do dia.

arrotamos 10€ para estacionar o carro para ir para a praia. aquela malta não brinca em serviço, tinham lá uma operação bastante organizada para fazer caber o maior número de carros possível no pequeno espaço disponível para estacionar. vá lá que não se pagava o acesso à praia.

passamos o dia na punta molentis, primeiro no areal, mas porque estava uma ventania desgraçada, mudamo-nos para a praia de calhau, onde se estava bastante melhor, e a água estava deliciosa, tão cristalina que me fazia confusão, não conseguia tirar os olhos da água. ainda consideramos encher a prancha de SUP mas deu-nos a preguiça de ir buscá-la ao carro lol

punta molentis
punta molentis
punta molentis
punta molentis punta molentis

a água estava tão boa, mas tão booooooooooa. parecia uma piscina. ridículo!!!

o regresso tivemos que parar duas vezes (aqui e aqui) para mirar as vistas panorâmicas, que são absolutamente pornográficas.

vista panoramica

um casa de italianos que parou ao nosso lado e pediram ao homem para lhes tirar uma foto (ou foi o homem que se ofereceu, não apanhei essa parte pois estava demasiado ocupada a tirar fotos lol) perguntou-nos se éramos polacos (por causa da matricula do carro) 😆

ao jantar abrimos as hostes com uma pratada de mexilhão. não é um marisco que me agrade particularmente, mas todàgente naquele bendito restaurante pedia mexilhão para entrada e sentimos um certo FOMO lol mas percebe-se, eram realmente bons, o sabor era bastante diferente do mexilhão tuga.

mexilhões

na última noite de campismo as minhas costas já se tinham acostumado ao colchão e dormi que nem um bebé. menos mal!

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Sardenha // Teulada — Costa Rei

Dezembro 02, 2023

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aprendi que um dia na zona de teulada não chega pá ponta dum corno. aliás, há tanta coisa para ver na zona mais a sul da sardenha, que provavelmente uma semana é pouco...

a melhor parte que é aquela zona nem por isso parece ser muito turística. deve ser porque chegar lá é um granda pincel, e acaba por ficar mais salvaguardada das hordas de turistas. mas é tão bonita, tão selvagem.

às 10 da manhã estávamos prontos para mais um dia de desbunda. para vingar o dia anterior, o plano era passar o dia todo enfiada em praias. e o dia todo enfiada em praias estive 😃

a tour de barco era apenas da parte da tarde, o que ainda nos deixava umas horinhas para ir apreciar outra praia ali nas redondezas, chamada porto pino. uma praia enorme, dunas de areia branca fininha, rodeada de lagoas onde supostamente habitam flamingos (não vi nenhum), e água do mar cristalina. por acaso o cenário tinha algumas semelhanças com as praias da ria formosa ou até mesmo de tróia.

porto pino

como fomos cedo, tivemos que pagar estacionamento para o dia todo, 7€. TAU!

a manhã estava um bocado enevoada e escura. estava calor e o mar tinha uma temperatura bastante agradável para aquela hora, mas acabamos por ficar mais tempo a apreciar a areia e as vistas do que enfiados dentro de água. adorei a praia e gostava de ter ficado lá o dia todo.

dunas porto pino dunas porto pino

às duas da tarde estávamos na marina de teulada, à procura do nosso guia. pensava que o bote iria a transbordar de turistas, mas éramos só nós e um jovem casal austríaco. o guia não falava uma palavra de inglês, cheira-me que os austríacos fizeram o mesmo que eu, que toda a comunicação que fiz com a empresa foi em italiano, com a ajuda do google translate e eles acharam que percebiamos italiano lol. aliás, o guia pensava que pelo menos nós éramos talianos, aparentemente o meu nome é comum praquelas bandas lol (há uma cadeia de supermercados com o meu nome, e ao passar pela segurança do ferry, ao regresso, perguntaram-me se era italiana 😆 por acaso diz que tenho duas costelas lol)

o homem, que se ajeita com línguas 😏, desenrascou o italiano e fartou-se de falar com o guia. cada vez que o guia explicava qualquer coisa sobre o local onde estávamos, o homem traduzia a mensagem em inglês para o outro casal perceber, e vice versa, que eles às vezes tinham perguntas. foi muito giro.

demos a volta a um ilhéu, paramos em 5 praias, e fomos até ao cabo teulada, o ponto mais a sul da sardenha.

numa das praias, o guia desfez uns gressinos para dentro do mar e apareceram uma porrada de peixes à beira do barco. aproveitamos para mandar uns mergulhos naquela água azul cristalina, que me soube pela vida. só tinha visto água daquela cor no mar das caraíbas, quando tivemos em punta cana. custava-me a acreditar que tínhamos água daquela cor na europa.

porto scudo, uma das praias que tinha curiosidade, não achei nada de especial, o areal não tinha assim grande aspecto e o fundo do mar estava cheio de folhas. mas gostei de ver as vaquinhas a curtir a praia. fiquei um bocado com inveja da vida que elas levam ali lol

porto scudo
porto scudo

porto zafferano é lindaaaaaaaa. a areia é branquinha, com uns laivos de rosa, finíssima, macia. A água estupidamente límpida. só tive pena de não termos estado lá mais cedo e num dia mais luminoso, para apanhar o azulão incrível que apanhamos nas praias que passamos antes (e que se vê nas fotos do local no google). a paisagem é totalmente selvagem, sem casas à vista, só natureza.

porto zafferano
porto zafferano

o acesso a esta praia é um bocado complicado. só é visitável nos meses de verão, só se pode aceder por mar, e supostamente não se pode ancorar o barco e desembarcar, mas a malta diz que é tranquilo dar um passeio pelo areal, desde que o barco não esteja muito próximo da praia e não se leve nada connosco, nem nos aventuremos para dentro de terra. 

ficamos lá ate ao pôr do sol, a fazer um lanchinho providenciado pelo guia. mas aquilo soube-me a muito pouco. quero lá voltar e da próxima vez não há-de ser em tour, para apreciar aquilo como deve de ser e ao meu ritmo!

porto zafferano

por volta das seis e meia metemo-nos a caminho da costa rei, onde tinha o camping marcado. segundo os mapas do google, iria levar cerca de 2h15mn, mas como tinha que atravessar la capital lá do sitio, cagliari, a coisa podia descambar.

entretanto a malta do camping mandou um email para saber do nosso paradeiro, e se a reserva era para manter. depois de uma breve troca de emails e um telefonema, ficamos a saber que depois nas 21h, só já lá estaria o guarda nocturno, mas que até as 23h era possível entrar. menos mal.

ao travessar cagliari (btw, pronuncia-se “càlhári”) fiquei com pena de não termos ficado lá uma noite, mas as minhas prioridades eram conhecer praias, não cidades lol mais outra coisa que ficou marcada como “prá próxima”.

pode ter sido um esticão valente de se fazer ao fim de o dia, mas fiz aquelas estradas, principalmente nas zonas montanhosas, com um sorriso de orelha a orelha. ainda por cima, no percurso entre cagliari e costa rei, tinha uns quantos túneis bem longos. adorei!

chegamos ao camping as 21:30 e afinal a funcionária da recepção ainda estava lá para nos receber. super simpática, apesar de termos chegado tarde e a más horas, e explicou todos os detalhes do parque enquanto nos levava ao nosso spot.

tinha mencionado num post anterior que tinha decidido alugar um frigorífico, porque íamos ficar la 3 noites, e aquilo dava jeito para manter as bebidas e os snacks refrigerados, e os icepacks congelados.

como tal, estava à esperava que me dessem umas chaves e me dissessem, “os frigoríficos estão ali naquela casa, e o vosso é o nº tal”. o que eu não estava à espera — de todo, era de encontrar um pequeno frigorífico no nosso spot....

frigorifico

sem cadeado sequer, à confiança. tipo... o que é que impedia os outros campistas de irem lá comer e beber as nossas cenas, ou de eles próprios irem lá refrigerar bebidas? nada, absolutamente nada lol

como o restaurante do camping já estava fechado, acabamos por ter que ir explorar a vilazinha. aparentemente, a costa rei é uma espécie de estância balnear. só tem casas de férias, e um pequeno centro comercial ao ar livre, onde está o grosso do comércio e dos restaurantes lá da zona.

comi uma pasta mesmo boa nessa noite. fónix que a pasta na itália não tem mesmo nada a haver, e até as saladas têm outro nível.

continua →

'Le me

tem idade suficiente para ter juízo, embora nem sempre pareça. algarvia desertora, plantou-se algures na capital, e vive há uma eternidade com um gajo que conheceu pelo mIRC.

no início da vida adulta foi possuída pelo espírito da internet e entregou-lhe o corpo a alma de mão beijada. é geek até à raiz do último cabelo e orgulha-se disso.

offline gosta muito de passear por aí, tirar fotografias, ver séries e filmes, e (sempre que a preguiça não a impede) gosta praticar exercício físico.

mantém uma pequena bucket list de coisas que gostava de fazer nos entretantos.

'Le liwl

era uma vez um blog cor-de-rosa que nasceu na manhã de 16 de janeiro, no longínquo ano de 2003, numa altura em que os blogs eram apenas registos pessoais, sem pretensões de coisa alguma. e assim se tem mantido.

muitas são as fases pelas quais tem passado, ao sabor dos humores da sua autora. para os mais curiosos, aqui ficam screenshots das versões anteriores:
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