Episódios da vida nas férias
Setembro 29, 2018
há coisas que só acontecem em restaurantes com mesas corridas.
dois casais perfeitamente desconhecidos ao início da noite, tagarelam como se fossem velhos conhecidos. uns são alemães, outros franceses. elas conversam em francês, eles em inglês. quando a noite acabar, muito provavelmente nunca mais se voltarão a encontrar.
neste cenário, a comida é desbloqueador de conversa. chegam os pratos dos primeiros, os segundos (possivelmente esfomeados) babam, e metem conversa de circunstância. de seguida, o tema passa para as viagens e a conversa flui. é sempre assim.
nesta história em particular, há um terceiro casal, o último a juntar-se à mesa de seis. este casal de tugas afinfa-se com um pote de arroz de marisco servido ainda a fervilhar, que deixa os outros dois casais sem pio, espantados com o tamanho da refeição que duas pessoas tão pequenas (pelo menos em comparação com eles) vão consumir. especialmente os franceses, que estão mesmo ali ao lado, quase que lhes escorre a baba para dentro do pote.
mas ainda não é desta que os franceses, à semelhança do que fizeram com os alemães, metem conversa com os tugas. continuam a falar com os alemães, enquanto vão jogando um rabo de olho aos tugas e ao pote de arroz.
à terceira menção se sintra, como se fosse o ex-libris de portugal, o tuga começa a ficar agitado. a tuga nota que ele está em pulgas de se meter na conversa, como de costume.
cinco minutos depois, estão três casais, perfeitamente desconhecidos, em amena cavaqueira. as conversas desenrolam-se em inglês, francês (porque a francesa só compreende francês), e até espanhol. muitas sugestões de lugares fantásticos para visitar são trocadas.
entretanto o arroz de marisco vai desaparecendo lentamente. no final, quando o pote vazio é recolhido, quase que batem palmas, impressionados com o estômago dos tugas.
o jantar não terminou sem torta de batata doce e amêndoa repartida por todos e um brinde com ginginha. e um "quando passarem por [inserir o nome do local aqui] venham visitar-nos" que também se pode traduzir num "até sempre". há malta fixe!