YAY 🎉🎉🎉
não sei se estão lembrades da adenda que fiz no post onde falei sobre o meu primeiro furo, numa autoestrada algures na catalunha - e que por acaso até acabou por ser uma experiência bastante fixe.
menos fixe foi, passado umas semanas, a "surpresa" que recebi pelo correio...
na altura disse que ia fazer um heads-up assim que estivesse resolvido, porque achei (e continuo a achar) que é algo importante (para aquela, e para outras situações semelhantes). quatro meses, muitos telefonemas e reclamações depois, aqui está ele!
resumindo, tivemos um furo em espanha, e porque não dava para trocar ou reparar o pneu, tive que ligar para a assistência em viagem. e para tal, usei o número que me indicaram na agência, que estava disponível 24h/dia e era gratuito.
para resolver a situação, passei cerca de 50 minutos ao telefone com a assistência, divididos entre 4 chamadas. na altura fiquei com receio que tivesse que vir a pagar qualquer coisa pelas chamadas, uma vez que estava em roaming... mas não tinha outro remédio.
passam-se 3 ou 4 semanas, e eis que chega a esperada cartinha do operador (que não interessa dizer qual é, pode acontecer parecido com qualquer um deles). o homem vai a abrir a carta, e quase que tem um fanico...
não eram 5€... nem 10€... nem 15€... nem 50€...
eram 300€...
a sério que estão mesmo a tentar cobrar-me 300 EUROS (mais qualquercoisinha) pelas chamadas que fiz para um número gratuito? dizer que isto me caiu mal c'mó caralho é estar a ser simpática... fiquei rábida!!!
não perdi tempo nenhum a ir à procura do motivo daquela diarreia. enquanto eu descobria que aquelas chamadas me foram cobradas como se tivesse ligado para um número de valor acrescentado (tipo as linha de concursos ou pornochachada), que em roaming tem um custo de €6,15 por minuto, o homem descobria que, de facto, em espanha, os números começados por 80 ou 90 são de valor acrescentado.. EXCEPTO os começados por 800 e 900, que são gratuitos para quem liga, e pagos pela empresa que contratou o número em questão.
ora, perante esta informação, É LÓGICO que não ia pagar aquela factura.. além disso, ondé que já se viu um operador, taxar um número de assistência como se fosse de valor acrescentado?
telefonei para a linha de apoio, para expor a situação, e perguntar qual era o procedimento para reclamar daquela factura. indicaram-me um endereço de email para onde podia enviar uma reclamação. e uma reclamação eu fiz, bastante clara e informada, indicando as informações que dispunha, e explicando de forma assertiva e cortês, porque é que recusava pagar aquele valor. ainda perdi umas horas valentes a lamber regulamentos, leis, minutas, e whatnot, para sair uma coisa com pés e cabeça.
passados alguns dias, recebo um telefonema do operador em resposta à reclamação. informaram-me que não era possível fazer nada sobre aquele valor. não interessava a natureza da chamada, tinha que pagar e pronto. caso contrário, ser-me-ia cortado o serviço por falta de pagamento.
ai pagas, pagas.. tão não pagas??
eis que em dezembro, o serviço foi cortado. CLARO que fui logo a correr trocar de operador.. foda-se, muita distância de uma empresa que me tenta roubar de uma forma tão abjecta.
entretanto, quis descobrir se este operador também me iria cobrar aquele valor ridículo, caso voltasse a ligar para números gratuitos em roaming. a resposta que obtive foi que não, que seria taxado como uma chamada normal em roaming. ora, isto só veio reafirmar a minha decisão, de que nem morta se havia de pagar aquela factura.
comecei a pensar nos próximos passos, mas entretanto meteu-se o natal, depois meteu-se a passagem-de-ano, depois meteu-se uma puta duma salganhada que ainda está a ser resolvida. só em fevereiro é que voltei a pegar no assunto.
fiz uma chamada para um departamento, e foram-me passando de departamento em departamento até chegar a um operador bastante prestável, que perante a situação, aquilo que já tinha feito, e as minhas questões sobre como proceder, explicou-me que o melhor que tinha a fazer era passar numa loja, e escrever uma reclamação no livro de reclamações. ou então fazê-lo online. ainda perguntei se deveria contactar primeiro a provedoria do cliente (que em tantas situações nos tem safado), mas ele disse que não valia a pena, para usar logo o livro de reclamações.
e eu agradeci a ajuda preciosa, e desliguei a chamada, e fui escrever mais uma reclamação. usei a primeira como base, mas mudei-lhe o tom ligeiramente, de forma a demonstrar o meu desagrado com aquela situação. posso ter utilizado palavras como "exortação", "má-fé" ou "práticas obscuras", mas sem nunca perder a cortesia. este detalhe é por demais importante.
submeti-a no livro de reclamações online, juntamente com uma cópia da factura do operador, e da factura da rent-a-car onde vinha escrito à mão (pela funcionária), o número para onde deveria ligar caso necessitasse de assistência.
enquanto passavam e não passavam os 15 dias úteis, que é o prazo que a entidade reclamada tem responder, fui vendo como é que podia escalar a coisa, caso a reclamação falhasse. tinha o centro de arbitragem de conflitos de consumo de lisboa, ou os julgados da paz, cujas decisões são legalmente equiparadas às proferidas pelos tribunais de 1ª instância. fora isso, só avançado para tribunal. e aqui entre nós, por uma questão de principio, estava disposta a pagar uma pipa de massa, só para os gajos não levarem a melhor.
mas não foi preciso.
ao 16º dia, quando me preparava para contactar a ANACOM, para saber como proceder, uma vez que ainda não tinha recebido resposta à reclamação por parte do operador - eis que recebo um telefonema da provedoria do cliente, a informar-me que o valor daquela factura iria ser anulado, e que não tenho nada a pagar.
PIMBAS!!!
foi a primeira vez que usei o livro de reclamações... e resultou, cacete!!!
fica a dica. malta, exerçam sempre vossos direitos enquanto consumidores, não se deixem comer por parves. se tiverem razão, por mais trabalho que dê e paciência que precise, a coisa resolve-se a bem, e sem grandes chatices ou custos.
para terminar, um bocadinho de serviço público.
convém fazer as coisas por uma certa ordem. para o caso dos operadores de comunicações, a ANACOM aconselha os seguintes passos:
1. contactar o operador, e tentar resolver a situação;
2. se o operador não resolver a questão, ou se não ficarmos satisfeitos com a solução, fazer uma reclamação por escrito no livro de reclamações, numa loja do operador, ou online;
3. se o problema continuar, recorrer a um centro de arbitragem de conflitos de consumo (gratuito para pessoas singulares) ou a um julgado de paz, que vai decidir quem tem razão. estas duas entidades têm o mesmo valor de uma sentença judicial.
[ muito importante, tratar os operadores dos call centers, gestores, e demais pessoas com quem falamos ao telefone (ou por escrito) sempre com respeito e cortesia. às vezes consegue ser muito complicado, mas a pessoa do outro lado da linha não tem culpa pelas políticas ou serviço fornecido pela empresa que está a representar, está meramente a passar informação. se se tratar de incompetência, pedir para falar com outra pessoa, ou ligar noutra altura. além disso, as chamadas agora são todas gravadas, e aquilo que dissermos pode vir a ser usado contra nosso favor ]
links úteis:
direcção-geral do consumidor
o que deve o consumidor fazer para tentar resolver um conflito de consumo?
lista de entidades de resolução alternativa de conflitos
centro nacional de informação e arbitragem de conflitos de consumo
centro de arbitragem de conflitos de consumo de lisboa, do porto, do algarve
centros de informação autárquicos ao consumidor
conselho dos julgados de paz
🤞