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lost in wonderland

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Sardenha // Alghero — Teulada

Novembro 20, 2023

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neste dia iríamos fazer o maior salto da roadtrip, cerca de 250km para sul. idealmente teríamos pernoitado a meio, mas concessões tiveram que ser feitas porque ilha é enorme lol, e muitos dos POIs a oeste que ficaram por visitar. ainda assim fizemos algumas paragens, e só não foram mais por causa das coisas.

desconheço se é norma em itália, ou se é um fenómeno local da sardenha, mas em praticamente todos os alojamentos a hora de check out é às 10 da manhã (ou entre as 10 - 11h). o que não era necessariamente mau, pois obrigava-nos a começar o dia mais cedo, logo, a aproveita-lo melhor.

foi por volta dessa hora que deixamos alghero em direcção a bosa, pela estrada mais junto à costa, a strada provinciale 105 alghero bosa, que é pornográfica em todo o seu comprimento. a vista é simplesmente brutal. piso em bom estado, curvas e contra-curvas deliciosas, sem trânsito quase nenhum, e não esquecer que ia ao volante o meu carrito lindo, que tem uma condução suave como seda, e não uma carripana qualquer impingida por uma rent-a-car. AMEI fazer aquele percurso. só aqueles cerca de 45km fizeram valer totalmente a pena o tempo extra que gastei a chegar à ilha por terra (e mar).

bosa é uma vilazinha muito charmosa e instagramável, logo muito turística também. não fica propriamente dito à beira-mar, mas está logo ali ao lado do mediterrâneo. demos umas voltinhas pelas ruas estreitas, cheias de vasos floridos e sardas cuscas, e depois seguimos caminho.

bosa
bosa bosa

a paragem seguinte seria no stagno di sale de porcus, uma lagoa salgada. como eu tenho aquela panca das salinas, quando descobri a existência daquele sítio, tive que lá ir meter o bedelho, claro.

houve aqui uma série de decisões parvas porque a estrada principal passa mesmo ao lado da lagoa. era só parar o carro e ir curtir o cenário. mas eu achei que seria mais interessante seguir aquela estrada de gado rural mesmo juntinha da lagoa, para irmos para uma zona mais tranquila. problema: o CHR pode ser um SUV compacto, mas ao contrário do qashqai, que era quase um tractor, é um rodinhas baixas, e não precisa de grande desnível para roçar com a barriga no chão. e eu estou perfeitamente consciente disto, porque não foram poucas as vezes que o meti em "estradas" que lhe fazem uma exfoliação completa às partes baixas.

só que as ganas de ir àquele ponto em especifico foram mais fortes do que a razão, para infortúnio da minha rica viatura. mas de facto, as vistas ali até compensaram o desvio.

lagoa salgada
lagoa salgada
isa a tirar selfies parvas na lagoa salgada isa e nuno a tirar selfies parvas na lagoa salgada

depois de termos enchido a barriga de sal e o telemóvel de fotos cretinas, e tendo ali algumas praias assinaladas nas proximidades, tive que tomar uma decisão: ou voltava para trás e apanhava a estrada de onde tinha vindo, ou continuava por outros caminhos de terra batida até outra estrada, que parecia estar à mesma distância, mas do lado oposto. como aquilo está cheio de quintas por ali, não achei que os caminhos estivessem assim TÃO maus... só que estavam!!

resultado: ter que circular a 5km/h, com o homem à frente do carro a afastar os galhos das árvores e dos arbustos para não riscar a pintura, ou a tirar calhaus do caminho, ou a parar constantemente para consultar os mapas de satélite e tentar avaliar se o caminho ao lado tava em melhores condições...FFFUUUUUUUUU!!!

se o arrependimento matasse, não estava aqui a escrever isto... às tantas desistimos, e voltamos para trás, porque ao menos já sabia que o caminho era minimamente transitável. o carro saiu dali a precisar de outro banho 😑

perdemos tanto tempo naquilo que acabamos por só passar numa das praias. mas como o dia nem por isso estava espectacular, não se perdeu muito (espero!).

voltamos a parar à entrada de oristano, num centro comercial. a ideia era ir lá comer, mas claro que acabamos por ir também ao hipermercado, que era 5x maior que o primeiro supermercado onde fomos, e ali é que eu me passei à séria.OMFG... não há condições. desse por onde desse, eu não podia sair da ilha sem levar comigo um carregamento de molhos, massas, bolachas e pão. não podia!! 

passamos por várias zonas montanhosas, e várias zonas planas, a geografia da sardenha é tudo menos aborrecida. e facto curioso, todas aquelas paisagens nos eram bastante familiares. umas partes pareciam o alentejo, outras a serra da arrábida, ou ainda a costa vicentina. 

chegamos a teulada por volta das sete da tarde. o B&B do dia ficava mesmo no centro da vila, e tinha um limoeiro carregadinho no pátio, que dava assim um ambiente muito castiço à propriedade. posso ou não posso ter considerado em gamar uns quantos limões 😏

enquanto descansava da viagem, meti-me à procura de uma tour de barco que nos levasse a algumas das praias que queria ir vistar, mas cujo acesso está interdito por terra, por serem instalações militares.

não faltavam opções. demorei mais tempo a escolher a empresa que a marcar. acabei por escolher uma que oferecia tours de meio dia, e que passava exactamente das praias que eu queria ir. mandei uma mensagem por whatsappp e 5min depois tinha o programa do dia seguinte composto.

para jantar, decidimo-nos por uma pizzaria onde a malta lá do sítio faz takeaway, mas tem uma pequena esplanada e dava para comer lá também. não era o restaurante com melhores reviews da zona, nem o mais chique, mas foi onde comemos a melhor pizza na sardenha.

continua →

Sardenha // Porto Torres — Alghero

Novembro 17, 2023

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desembarcámos a norte da ilha, numa terrinha chamada porto torres, que não é um cartão de vista particularmente interessante da sardenha. manda assim umas vibes a gueto, e pode ter dado uma primeira impressão pouco agradável para quem vem com as expectavas um bocado altas, por causa dos instagramers. não ajudou ainda estarmos frescos experiência de 3º mundo do ferry.

a primeira coisa que fiz foi ir à procura de um centro para lavar o carro, que tava badalhoco que doía, meu rico carrito. depois de umas voltas ali pelo sítio lá demos com o centro e tratamos do assunto.

por acaso o centro estava estrategicamente situado ao lado de um supermercado, que também estava na lista de prioridades mal chegássemos à ilha, para nos abastecermos de água e snacks para a roadtrip.

o meu mau humor esfumou-se assim que entrei no supermercado. é uma pancada minha pronto, adoro ir a supermercados no estrangeiro. sou tipo uma criança no toys”r”us.

ia tendo um chilique na secção de queijos. e depois outro na secção de massas. e outro logo a seguir na secção dos molhos de tomate. ZOMG!!! 😱😱😱 e as marcas das massas e dos molhos, e dos vinagres balsâmicos que costumo comprar ao preço da uva mijona??? senti-me no paraíso lol

lá me contentei em trazer apenas uma pequeníssima parte do supermercado, e siga para a praia de la pelosa que se faz tarde!!

demoramos cerca de 30 minutos a chegar lá, e pelo caminho tive a primeira experiência do quão malucos os italianos são ao volante. alguém que vinha atrás e mim e não devia estar com muita paciência para a lentidão do turista a apreciar a paisagem, e faz uma ultrapassagem à parva, num cruzamento, por cima de traços contínuos como se nada fosse. e a cena repetiu-se. várias vezes! os limites de velocidade também não pareciam incomodar esta espécie, já que raramente circulavam dentro deles. já eu, que sou uma pessoa bem comportada quando estou num pais estrangeiro, procurei seguir as regras.

cada vez mais perto da praia, temos um primeiro vislumbre do azul inacreditável daquelas águas. o dia estava super limpo e brilhante, e aquela primeira impressão meteu-nos a arrastar o queixo pelo chão. uma paisagem magnífica, o mar de um azul fantástico, que acho que não há filtro no instagram que faça justiça aquelas cores.

la pelosa

tivemos sorte que apanhamos um carro a sair de um lugar de estacionamento mesmo em frente a uma das entradas da praia. mas primeiro tínhamos que ir buscar a nossa pulseira, que sem ela, ninguém entra na praia. e esteiras. sem esteiras ninguém pode estender a toalha na praia. são as regras.

compreendo perfeitamente a limitação do número de pessoas, sem isso imagino o caos que seria circular ali de carro sequer. e quando chegamos à praia, e vimos aquilo a abarrotar de gente, e tivemos alguma dificuldade em encontrar um spot para assentar arraiais, deu para perceber que se calhar ainda deviam ser mais conservadores no número de acessos que permitem. e isto em finais de junho.

também compreendo a afluência, e porque é que as 750 entradas voaram em menos de 1 hora...

...A PUTA DA PRAIA É LINDA!!! OMG!!! 😱😱😱

la pelosa

única palavra que me saia da boca era “ridículo”... aquele sitio é simplesmente ridículo de tão deslumbrante que é, nem parece real. não tenho dúvidas que foi a praia mais bonita que já meti as vistas em cima. a água estava a uma temperatura impecável, e das cerca de 6 horas que estivemos na praia, mais de 3 foram passadas dentro de água. O homem então mal calçava na toalha. ganhei anos de vida ali.

por volta das seis da tarde, arrumamos a trouxa, dissemos adeus àquela praia ridiculamente maravilhosa, e seguimos para alghero, uma pequena cidade costeira, que ficava numa zona estratégica para continuarmos a viagem. pelo caminho escolhemos o alojamento, e fomos directos para lá.

mais uma vez, o civismo dos italianos ao volante não cessava de me surpreender. stops e semáforos vermelhos? pfffff, qué isso? rotundas? fazem-se a direito, para não perder tempo! piscas? o meu carro não veio equipado com esse extra! 😆

o alojamento ficava numa zona residencial bastante pacata, e anfitrião era bastante simpático e deu-nos logo ali umas dicas do que fazer na cidade e sítios porreiros para jantar. depois foi à vida dele.

saímos para jantar por volta das 20h, e dos 3 restaurantes que nos tinham sido sugeridos, fomos aquele cujas fotos no google nos puxavam mais pela glândulas salivares. estava cheio, mas arranjaram-nos uma mesinha. foi difícil escolher porque parecia tudo estupidamente delicioso. mas, como era a minha primeira refeição em itália, achei que devia comer um prato típico, e escolhi lasanha. o homem pediu uma pasta de frutos do mar. ainda pedi uma salada e pecorino gratinado para entrada. para a mesa veio também um pão típico da ilha chamado pane carasau, que por acaso tinha visto montanhas no supermercado, e do qual fiquei Instantaneamente fã mal o meti na boca 😏.

foodporn
ridículo, ridículo, ridículo. era a única palavra que me saia das cordas vocais.

um entra e sai de locais a irem aviar pizzas para takeaway, que de resto também eram o grosso das pessoas que compunham a clientela do restaurante, o que é sempre um bom indicador. parecíamos ser os únicos turistas ali. a comida era estupidamente boa, e muito em conta. fiquei com pena de não ter experimentado as pizzas deles.

o ambiente do restaurante era engraçado, os empregados bué rudes uns com os outros mas na boa, mas uma simpatia com os clientes. deve ser a cena italiana. adoramos o sitio e quero MUITO lá voltar.

depois da barrigada decidimos ir dar uma volta e seguimos pelo lido até à marina. pelo caminho íamos cruzando com outras pessoas que estavam a fazer o mesmo que nós, muitos casais de meia idade a desfrutar do ambiente calmo e agradável daquela noite, e foi então que eu comecei a reparar nas pessoas, mais especificamente nos homens, e a notar o padrão. Era praticamente todos atarracados, muitos inclusive mais baixos que as mulheres ao seu lado, carecas e com as mesmas feições. tal e qual os do homem! pronto, tínhamos descoberto a origem dele lolll a sério, as semelhanças eram inequívocas. se o homem tem primos na sardenha, ponho as unhas no fogo que era ali que os íamos encontrar!

deu perfeitamente para notar a passagem da zona residencial para a zona que estava apinhada de turistas. mas nem por isso perdia o encanto, é definitivamente uma cidadezinha acolhedora e muito gira, mesmo na parte mais turística.

alghero alghero

ao fim do dia já só me ocorria que queria voltar à sardenha. tinha acabado de chegar, ainda ia estar ali alguns 9 dias, mas já só pensava em voltar lol

continua

Sardenha // Barcelona — Porto Torres

Novembro 15, 2023

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concedo que uma pessoa possa ter ido ao engano, a pensar que aquilo ia ser uma espécie de mini-cruzeiro no mediterrâneo (é que nem por isso é uma viagem barata), e não um navio de de carga, operado por pessoas que não estão para perder tempo com subtilizas. e não é que não estivesse minimamente preparada, pois li algumas reviews no google...

mas dito isto, a experiência não precisava de ser assim TÃO má, cacete! 😠

a começar logo pelos modos rudes dos gajos a orientar a malta no acesso e estacionamento do barco. não tinham paciência nenhuma, parecia que tavam a cuidar de gado.

depois, o camarote. ok, tava arrumado e parecia limpo... mas num estado de conservação lastimável. as cortinas todas mal amanhadas, a roupa da cama coçada e até com buracos. não tinha toalhas nem papel higiénico (tivemos que atravessar o barco para ir pedir isso na recepção), e tive a ideia infeliz de abrir o armário por baixo do lavatório, a ver se encontrava o papel higiénico — que por acaso encontrei, mas usado!!! imagino que os hóspedes anteriores improvisaram ali um balde de lixo. OMFG 🤮

mas calma, o pior ainda estava para vir... 

depois de instalados fomos morder o ambiente. o ferry era enorme, e haviam várias salas, bares e restaurantes, casino, spa, lojas. mas tal como o camarote, as instalações estão muito mal cuidadas, e a limpeza a deixar MUITO a desejar. e ainda bem que não tive que usar os WCs das áreas comuns, porque não cheguei a encontrar um que estivesse limpo.

numa das salas mais frequentadas (e na qual provavelmente teríamos que dormir, se eu não tivesse tido a inspiração divina que me levou a reservar o camarote), era o degredo total. malta escarrapachada por cima dos sofás sem qualquer respeito pelos outros, muita gente descalça, com os pés ou meias todos labregos, em cima dos assentos, das mesas, das janelas, ou pendurados no ar, um pivete a suor e a chulé no ar, malas e sacos espalhados por todo o lado, lixo por cima das mesa.. nem sei bem o que é que aquilo parecia, mas até me benzi mentalmente (e eu não tenho religião). cruz credo, vade retro satanás!

pouco depois, a fome começou a apertar e fomos sondar o que se mordia por ali. por azar, o restaurante assim com melhor aspecto tinha acabado de fechar, restava-nos o self-service ou o snack-bar. 

entramos na sala do self-service o cenário era caótico. tabuleiros amontoados em quase todas as mesas, com os pratos ainda cheios de comida, lixo por todo o lado, uma javardice total. a comida que lá serviam tinha um mau aspecto do caraças, aliás, acho que é crime chamar aquilo comida... ou melhor, devia ser crime tratar comida tão mal. não admira que a malta deixasse aquilo praticamente intocado. que degredo 🤢. yeah, hard pass!

os próprios funcionários tavam todos mal amanhados, com os uniformes todos rotos ou remendados, e sujos…

acabamos por ir ao snack-bar, que servia hamburguers, pizzas, saladas, etc. pedimos duas doses de pizza, uma salada, e duas bebidas. ao dia de hoje ainda choro a fortuna que pagámos por aquela desculpa esfarrapada de comida. As pizzas eram claramente congeladas, a salada ficou lá toda, porque a alface estava com uma cor estranha e os tomates cherry todos moles. nem nos demos ao trabalho de reclamar porque de certeza que se nos substituíssem a comida, vinha igual ou pior. ficamos ali a ruminar aquela desgraça e a repensar nas decisões de vidas que nos conduziram àquele momento.

bom, precisávamos de um plano para o regresso, porque nem pensar que voltaríamos a gastar 1€ que fosse em comida ou bebida naquele desastre flutuante...

por esta altura, eu já só queria ir tomar banho para tirar aquela humidade horrorosa da maresia de cima, enfiar-me na cama, e só acordar no dia seguinte. 

de regresso ao camarote, muitos dos passageiros acomodavam-se para dormir. havia gente espalhada por todo o lado, a dormir nos assentos dos restaurantes, nos recantos dos corredores, uns deitados em colchões e esteiras de campismo, outros só em cima de toalhas. muitos pareciam quase sem-abrigo, alguns até agarrados a cães estavam. não tirei fotos, mas não foi difícil encontrá-las nas reviews do google (tipo esta, ou esta e ainda esta). 

mas também passamos por malta que já devia ser veterana naquelas lides (ou então tem alguma dignidade) e tinham estaminés com alguma classe, tipo colchões insufláveis de casal, com roupa da cama completa com lençóis e edredons, e almofadas.

o pequeno-almoço, que tinha incluído durante a reserva, foi igualmente miserável. cum crl, que serviço horroroso. pena que é a única forma de levar o carro para a ilha... 

às 9 da manhã, estamos a desembarcar, prontos para a aventura em solo italiano.. sardenho... whatever. mas primeiro, primeiro! tinha que ir à procura de um centro para lavar o carro, que estava coberto de restos mortais de todo o tipo de insectos que se escarrapacharam contra o carro na travessia de espanha, e todo gosmento da humidade do mar.

continua →

Sardenha // Lisboa — Barcelona

Novembro 15, 2023

não me apeteceu fazer planos para as férias. já tinha os pontos marcados no mapa, era só comprar os bilhetes do ferry com uns dias antes da partida, e ter em mente que algumas praias têm entrada limitada e era preciso fazer a reserva com antecedência. tinha tudo para correr bem 😆

tão a uma semana da data decidida, lá tratei de comprar os bilhetes para o ferry.
durante o processo descobri que precisava de autorização para circular com o carro na zona de baixas emissões (ZBE) de barcelona, e que podia ser multada se não a tivesse, carro estrangeiro ou não. por azar, o acesso para o porto já faz parte da ZBE. lá fiz a inscrição e rezei que tivesse autorização a tempo. 

com este passo dado a realidade desceu em mim, e comecei a preparar-me psicologicamente para atravessar espanha (não, o homem ainda não lhe apeteceu a tirar a carta). não é que não tivesse coragem para conduzir tudo duma assentada (com paragens, óbviamente), mas seria mais sensato dividir a viagem em duas etapas. sair de lisboa a meio da tarde do dia anterior, dormir nos arredores de madrid ou ciudad real, e retomar a estrada na manhã seguinte.

dois dias antes, enquanto esperava que abrisse a reserva para uma das praias que queria MESMO ir, e só iria ter 750 entradas disponíveis, fiz contas aos dias que tínhamos e aos sítios que tinha no mapa, e acabei por engendrar um roteiro muito básico,

nas zonas com alta concentração de POIs, seria de ficar duas ou três noites. numa dessas zonas por acaso havia um parque de campismo com uma localização brutal, então decidi logo reservar um spot, para não arriscar chegar lá e não ter vaga. a reserva tinha várias opções pouco habituais em parques de campismo, tipo casas de banho privadas, e frigoríficos. casa de banho privada dispenso, mas frigorífico é capaz de ser uma boa ideia. e adicionei lol

também me ocorreu que se calhar a viagem de ferry seria mais confortável se reservasse um camarote, para estaremos mais à vontade, poder tomar banho, lavar o dentes, mandar o nº2 na paz do senhor, e tal... e ainda bem que fiz isso, porque entretanto descobri que assim que o ferry parte, o acesso às garagens é vedado. fiquei com a sensação que me desviei de uma bala, porque posso ter considerado em ir dormir para o carro 😆

entretanto bateu as 7 da manhã, as reservas para a praia de la pelosa abriram, e eu assegurei dois bilhetes para dali a 2 dias!
45 minutos depois, já não haviam lugares disponíveis. há poizé!

como de costume, deixamos tudo para a última da hora, e no domingo, em vez de sairmos de lisboa às 4 ou 5 da tarde, eram 9 da noite quando finalmente nos metemos a caminho de espanha (e já não foi mau lol)

ali a passar por estremoz decidimos seguir por ciudad real em vez de madrid, e o homem sacou do telemóvel e marcou hotel, com chegada prevista para as 2 da manhã.

não contamos foi com uma paragem obrigatória, que por acaso até demorou um bocadinho, para abastecer o carro e o estômago, e esticar as pernas e fazer um xixizinho. e também com a hora que se perde mal se põe os cotos em espanha…. que é como quem diz, chegamos ao hotel às 4 da manhã LOL

btw, não fiquei com grande impressão de ciudad real. tipo, o parque de estacionamento exterior do hotel estava vedado com arame farpado, tinha câmaras de vigilância, e controlo de acesso... dá assim a sensação que a malta ali práquelas bandas deve ser um bocado hardcore... mas bom, não correu nada de mal com a estadia.

na manhã seguinte, depois de um pequeno-almoço bem aviado, seguimos a todo o vapor para valência. òzanos que quero vistar esta cidade, infelizmente não havia tempo para sightseeing. apenas uma paragem muito rápida num centro comercial à beira da auto-estrada para almoçar, abastecer novamente, e seguir caminho, que tínhamos que estar em barcelona às 19h30, desse por onde desse.

não me custou nada atravessar espanha nem achei a viagem chata. em algumas zonas, a paisagem é um bocado parecida à nossa, mas demora 3x mais tempo a atravessar. noutras, é bem mais interessante e bonita. pelo menos não parece ter tantos eucaliptos.

quanto mais nos aproximávamos de barcelona, mais vermelho ficava o mapa. que ideia de merda, apanhar o ferry a uma segunda-feira, em plena hora de ponta, numa das cidades mais movimentadas da península ibérica. foi por uma unha negra, mas as sete e meia estávamos no porto de barcelona, a fazer o check in.

btw, a autorização para circular em barcelona não chegou a tempo, mas pela zona que cheguei ao porto, não me pareceu que houvesse grande problema.

às nove e meia da noite, a sirene do ferry anunciava finalmente a partida para a terra prometida, e o inicio de uma experiência inacreditável... de terceiro mundo.

mas isso fica para outro post que este já vai loooooongo!

continua →

Lost in... Sardenha

Novembro 15, 2023

há um par de anos fizemos um teste genético, daqueles para saber da ancestralidade, pré-disposição para doenças e essas merdas. quando os resultados chegaram, ficamos a saber que o homem é 11% sardo 😏.. sardenho, whatever. foi então que a piada começou: 

“temos que ir à sardenha à procura dos teus primos"

e o que ele tinha de sardo, eu tinha de italiano (vale o que vale lol). de repente, a ideia de irmos ao encontro das nossas raízes era engrassada.
não é que nunca tivéssemos considerado ir práquelas bandas, mas os resultados do teste botaram mais peso no processo de decidir onde vamos laurear a pevide a seguir. 

mas claro que em pleno covid, os planos ficaram na gaveta por tempo indeterminado.

por acaso este ano não me estava a apetecer ir ser roubada para o algarve como no ano passado, então comecei entreter a ideia de irmos para fora. desde de 2019 que não saiamos do país, e honestamente tava com vontade de mudar de ares. assim como não quer a coisa, comecei a fazer umas pesquisas sobre as melhores praias da sardenha, e a guardar nos mapas do google os pontos de interesse (POIs) mais fixes, não fosse a coisa materializar-se nas semanas seguintes.

quanto mais fotos de praias via, mais vontade tinha de ir lá. nem que fosse ver com os meus próprios olhos se aquilo era mesmo assim, ou se a malta tende a exagerar nos filtros do instagram.

próximo passo, descobrir quanto é que ficava uma semanita por lá, pois há aquela ideia que é um destino caro.. #soquenao. pelo menos o alojamento parecia ficar mais em conta que a zona de tavira. alugar carro (porque peço sempre com o seguro máximo para não me preocupar com nada) seria o mais caro.

para chegar lá, haviam duas possibilidades: voar ou conduzir.

de avião levariamos uma porrada de horas porque não havia voos directos de lisboa, e já se sabe que quanto mais curtas são as escalas, mais caros são os bilhetes. além disso, teria que alugar carro, o que encarecia BASTANTE a viagem.

de carro teria que conduzir até barcelona, e depois apanhar o ferry para a ilha. os preços do ferry vs avião eram ela por ela, e iria demorar pelo menos o dobro do tempo.. MAS! não precisava de alugar carro. além disso, podíamos levar a tralha de campismo e poupar também no alojamento. e levar a prancha de SUP, e o drone... 

...SIGAAAAAAAA!!!

[spolier alert: demorou cerca de 36 horas entre sair de lisboa e chegar à sardenha]

já que íamos numa de descoberta, decidimos não marcar alojamento e dormir onde calhasse. minto. marquei um parque de campismo que estava numa localização brutal, e fiquei com medo de chegar lá e dar com o nariz no portão.

resumindo e concluindo, uma das roadtrips mais épicas de sempre. estradas fantásticas para conduzir e lavar as vistas ao mesmo tempo. praias do outro mundo. aliás.. acho que arruinei as praias portuguesas para mim, depois de ter estado de molho naquelas águas incríveis. duvido muito que me volte a contentar com o algarve 😅

continua

Na semana passada aprendemos que…

Novembro 15, 2023

[ahem... este post (e os que se seguem a este) era para ter sido publicado a meio de julho, mas a preguiça para escrever tem sido incrível. provavelmente mais tarde mudo a data lol
já agora, um obrigado muito especial a quem ainda passa por aqui para ver se estou viva 😅🙏]

— as nossas autoestradas são melhores que as espanholas (mil vezes as nossas, mesmo que sejam pagas a peso de ouro);

— atravessar espanha dá-nos uma boa ideia sobre o quão pequeno o nosso pais é;

— o ferry que liga bacelona à sardenha não é para fracos de estômago, e não me estou a referir a quem enjoa quando anda de barco;

— ainda não foi desta que barcelona conseguiu cativar;

— definitivamente tenho mau karma com barcelona;

— afinal ainda é possível fazer férias de forma espontânea;

— a paisagem interior da sardenha é incrivelmente parecida à de portugal. entre o alentejo, a serra da arrábida, da estrela e o gerês, todo aquele cenário é estranhamente familiar;

— a ilha é bem maior do que “parece”;

— a malta da sardenha é muito fixe e descontraída;

— os tugas são mais parecidos aos italianos que aos espanhóis;

— os italianos são uns g’anda malucos ao volante;

— a coisa mais cara na sardenha é o estacionamento;

— é super difícil encontrar caixotes de lixo nas ruas;

— definitivamente, tenho um fetiche por supermercados estrangeiros;

— tá explicado porque é que não se vêm muitos italianos no algarve;

— o paraíso está aqui tão perto;

'Le me

tem idade suficiente para ter juízo, embora nem sempre pareça. algarvia desertora, plantou-se algures na capital, e vive há uma eternidade com um gajo que conheceu pelo mIRC.

no início da vida adulta foi possuída pelo espírito da internet e entregou-lhe o corpo a alma de mão beijada. é geek até à raiz do último cabelo e orgulha-se disso.

offline gosta muito de passear por aí, tirar fotografias, ver séries e filmes, e (sempre que a preguiça não a impede) gosta praticar exercício físico.

mantém uma pequena bucket list de coisas que gostava de fazer nos entretantos.

'Le liwl

era uma vez um blog cor-de-rosa que nasceu na manhã de 16 de janeiro, no longínquo ano de 2003, numa altura em que os blogs eram apenas registos pessoais, sem pretensões de coisa alguma. e assim se tem mantido.

muitas são as fases pelas quais tem passado, ao sabor dos humores da sua autora. para os mais curiosos, aqui ficam screenshots das versões anteriores:
#12   #11   #10   #9   #8   #6   #5   #4

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