Faz neste preciso momento...
Agosto 02, 2012
10 anos que meti os pés pela primeira vez no festival do sudoeste, e é com muita pena minha que não estou (nem vou estar) lá para comemorá-los.. não há uma única banda no cartaz desta edição que me valha *..
anyway..
tinha 22 anos e apesar de já ser encartada fui para lá acompanhada pelo meu pai (jovens acompanhado/as pelos progenitores - coisa rara nos dias que correm). três das minhas bandas favoritas iam actuar na mesma noite, no mesmo sitio. nem pensar que perdia tal evento! nem eu, nem o hóme, que também foi, acompanhado pela mãe e pela irmã.
lembro-me perfeitamente daquela noite. saímos de sagres por volta das sete e meia da tarde e alcançamos s. teotónio uma hora depois. por ali já se sentia a confusão, pouco habitual para aquelas paragens, e em pano de fundo ouvia-se o ribombar dos PAs a jorrar som. um enorme balão flutuava no céu, a servir de farol para assinalar o local do recinto.
à medida que nos aproximávamos o eco era cada vez mais poderoso.. e ao virar da última curva, trânsito!
todos os caminhos iam dar ao mar de palha que servia de estacionamento. os carros amontoavam-se por todo o lado. e pó.. muito pó. senti o "chamamento" pela primeira vez.
ao cair da noite estávamos finalmente a entrar no recinto. a brisa ali corre fresca, que o oceano tão perto não perdoa, mas o ambiente do festival mantém os festivaleiros aquecidos. as bandas sucediam-se, umas atrás das outras. primeiro thievery corporation, depois air, e para terminar a noite, chemical brothers, que pegaram naquele povo pelos ouvidos e transformaram o recinto numa pista de dança gigantesca. fiquei completamente alucinada por aquele espectáculo todo. foi incrível!
tanto que dois anos depois regressei, e tornei a regressar, e continuei a regressar, se o cartaz assim o ditasse. o festival do sudoeste transformou-se no ponto alto dos nossos verões. tornou-se na minha "sala" de espectáculos favorita e foi lá que assisti aos dois melhores concertos da minha vida: daft punk e kraftwerk. tão, mas tão grandiosos.. que saudades de sentir aquilo que senti durante aqueles concertos. por mim, não tinham fim.
..e cortar a pulseira no fim do festival? é uma dor que se adia o mais que se pode :D
o tal "chamamento" é uma mistura de ansiedade com entusiasmo, que provoca um caso sério de cócegas no estômago. acontece quando largamos o carro no meio daquele mar e nos metemos a caminhar pelos montes em direcção à entrada do recinto. o som da música que de lá emana, exerce uma força gravítica sobre nós, atraindo-nos na sua direcção. as memórias das edições anteriores fluem e a expectativa ganha momentum. é brutal!
mas naquele tempo o festival do sudoeste era completamente diferente. tinha apenas meia dúzia de roulotes de comida e bebida, não existiam diversões e eram poucos os stands de patrocinadores. era um festival puro e duro, pouca pitalhada, poucas figuras tristes.. a malta que por lá calçava sabia ouvir música, não estava lá só porque sim.
com a popularidade do festival a subir em flecha, acabou por tornar-se num evento mainstream, na meca dos mais jovens e inconscientes (jeez.. pareço uma velha caquética a falar :P). muitos vão para lá e nem da zona do campismo saem.. aliás, zona essa que só por si alberga um festival alternativo.
em vez de duas ou três tascas de cachorros, daquelas que só de olhar dão caganeira, existe agora um food court, onde só falta servir sushi (na volta, este ano há), bandas decentes são cada vez mais uma miragem, preferem trazer aquelas que vendem bem, e a malta já pouco vai só pela música, mas sim pela acção leviana que sabem que vão encontrar.
apesar dos últimos anos não terem sido (IMO) nada de especial em termos de cartaz, continua a ser o meu festival de verão favorito, e é por gostar *tanto* dele que sou tão crítica... este ano ficamos assim, voltados de costas um pró outro, pode ser que para o ano me compensem as amarguras desta ausência forçada :)
PS. david guetta já chateia :P
* thievery actuam no sábado.. no palco secundário.. não vou pagar bilhete só para isso :P