Tugas!
Setembro 06, 2012
é sabido que o verão traz para portugal gentes de toda a europa e quiçá do resto do mundo. com tanta diversidade, o tuga parece sentir uma certa necessidade de demonstrar a sua raça.
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no campsite do rio estava estacionada uma caravana onde co-habitavam 5 excelentes espécimens, que andariam entre os 50-60 anos: três mulheres e dois homens.
regressávamos da praia quando demos com uma das cotas do grupo (assim avantajada mas de pernas finas - tipo humpty dumpty), em cima da caravana aos berros com os outros.
cá embaixo, um dos machos (dono de uma farta bigodaça já grisalha) berrava-lhe de volta. o outro, sentado numa cadeira, só se ria. mas volta e meia também ele levava com um berro nas trombas "E TU, TÁS PRAÍ SENTADO.. E NÃO FAZES NADA!!". as outras duas mulheres alternavam entre gargalhadas e gritos estridentes.
a primeira coisa que me ocorreu foi "SÓ espero que o tecto da caravana aguente"!
tivemos um bom bocado a tentar perceber qual seria o problema...
teria ela subido ao topo da caravana para ir buscar / montar / arranjar / arrumar alguma coisa e não se estava a entender com os outros? ou teria o ambiente do grupo "aquecido" de tal modo e ela teve que se refugiar lá cima? é que às tantas pôs-se a agitar um lençol, feito bandeira.. ai o tejadilho da caravana..
era uma algazarra sem pés nem cabeça, não se entendia absolutamente nada do que aquela gente tava prali a gritar. não chegamos a conclusão nenhuma que não fosse estarem propositadamente a incomodar os restantes, que àquela hora já jantavam e preparavam-se para curtir o por-do-sol.
na manhã seguinte, as mulheres do grupo decidem jogar à malha.. no meio do caminho.. com pedras!
não bastasse já o xinfirm que aquelas gralhas faziam, quando nisto surge o macho alfa a gozar com elas, em altos berros, para ver se despertava o resto da malta que ainda dormia..
eu até tinha ficado a assistir mais um bocado se não tivesse receio que uma das pedras me acertasse no carro.
quando regressamos do pequeno-almoço, tinham-se ido embora... ohhhh pá!
(...e temos nós a mania de dizer que os espanhóis são barulhentos!)
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na praia, um casal com uma miúda que não teria mais de 10 anos, a mariana. pobre mariana.. e pobre pai da mariana, que aquela mulher era capaz de fazer o diabo encolher-se a um canto..
estavam estacionados a 3 metros da água e a tipa não deixava a miúda molhar os pés, não a deixava brincar à vontade, criticava a forma como jogava às raquetes, estava constantemente a chamá-la para vestir coisas, prender o cabelo, beber água, etc.. mariana não faças isso - mariana anda praqui - mariana, tás-ma ouvir? MARIANA!
a sério que senti pena da miúda..
o marido apelidou-a de "metralhadora", porque aquilo quando abria a goela.. ai jazus! ratátátá tátátá e não se calava tão cedo.. ainda por cima olhava para os outros em redor com ar completamente reprovador.. deve-me ter adorado muahahahahaha
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quase ao fim do dia, decidimos ir mirar os imponentes rochedos do extremo norte da praia. na nossa rota estava uma mãe e os seus dois filhotes, que brincavam ali nas poças deixadas pela maré alta.
momentos antes de nos cruzarmos, ela afasta-se repentinamente das crianças e começa a caminhar na mesma direcção que nós. estaríamos a cerca de dois metros de distância, quando a senhora solta uma loooooooooonga e SONORA farpa (daquelas que uma pessoa até agradece aos deuses pelo alivio que proporciona), enquanto contemplava o oceano.
bom, eu desmanchei-me logo a rir, que nem sabia onde me havia de meter!
e quero lá saber se ela me ouviu a relinchar. quer dizer.. peidar-se ao pé dos filhos cruz credo, já de estranhos é na boa!
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havia um grupo que estava lá todos os dias. montavam o arraial religiosamente no mesmo sitio e na mesma disposição. e como nenhum dia de praia pode ser desperdiçado, até no dia em que choveu, lá estavam eles.. abrigados debaixo dos três sombreiros encavalitados, pacientemente à espera do sol (que provavelmente nem deu a cara nesse dia)..