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lost in wonderland

lost in wonderland

Truer words have never been spoken

Setembro 11, 2015

enquanto secava à espera que a roupa secasse (um destes dias tenho que falar sobre o fantástico conceito da lavandaria self-service, ao qual estou completamente rendida), peguei num dos jornais que estavam na mesinha e encalhei numa reportagem deliciosa sobre campismo. felizmente também foi publicada em formato digital:

“O trabalho e até os hábitos de relacionamento com os outros são baseados em convenções e artifícios, materiais e mentais. Mas o ser humano precisa também do contacto com o mundo, com a natureza não humana. Sentir a temperatura e as suas mudanças, o sol, o vento, a humidade, os mosquitos à noite. Não podemos ter medo dessas coisas, fugir delas. Faz-nos bem mergulhar no mundo natural, interagir com ele, como se fôssemos um dos seus elementos. Dormir numa tenda significa uma entrega muito profunda. É estarmos na natureza sem defesas, no nosso momento mais vulnerável, quando não teríamos capacidade de reagir a qualquer agressão. É uma espécie de pacto de confiança com a natureza.”

não lhe mudava nem uma vírgula!

Episódios da vida no campismo III

Setembro 03, 2015

duas semanas de campismo em quatro parques diferentes é coisa para render histórias até aos dias do fim. devia anotá-las, especialmente os detalhes, mas férias são férias. aqui ficam as mais engrassadas, ou pelo menos as que ainda me lembro (e que não chocam muito as pessoas lol)

numa solarenga manhã na esplanada da piscina, testemunhei o verdadeiro pequeno-almoço de campeões: um tipo a empurrar uma napolitana de chocolate, ora com uns golos de coca-cola, ora de café, temperando a refeição com umas baforadas de nicotina. a noite deve ter sido agitada para precisar de tanto power logo pela manhã :D

música ao vivo durante o banho, que luxo.. ou então não : / uma miúda cantava em altos berros com aquela vozinha estridente que faz ranger os ossos, e não. se. calou. um. minuto! não sei como é que a mãe conseguia aguentar aquilo, que tortura.. also, não foi a única vez que apanhei putos a cantar.. o que é que se passa com os putos agora que deram em andar sempre a cantar?

o sossego da última mijinha da noite foi interrompido pela camonada do surf, que tomou os balneários de assalto e em grande algazarra. comecei a trocar SMS's com o homem, a mandar vir com o cagaçal produzido pelas bifas mais as conversas de chacha que prali iam. parece que no lado dele a coisa estava mais interessante, ou deveria dizer, quente: havia pinocada no duche, com claque a torcer e tudo. só faltou aplauso quando a actuação terminou.

regressávamos à tenda depois do passeio nocturno, já na hora de silencio (meia-noite), quando reparamos que a malta do acampamento ao lado estava *novamente* a acender o fogareiro. estas pessoas simplesmente não paravam de comer!! aquilo parecia a grande farra. comiam, comiam, comiam.. mal os seguranças meteram os olhos naquilo foram logo mandar apagar o fogo. são horas de dormir, não de fazer churrasco!

num dos parques havia sanitas ao ar livre (? yah..). como argumento para me convencer a pernoitar lá, o homem garantiu-me que arriava o calhau numa, à vista de todàgente, e que eu podia gozar com ele à vontade. não cumpriu, humpf.. (mas com razão, vá.. acontece que aquelas pias serviam para despejar os depósitos das caravanas lol)

se em s. miguel ficámos desconfiados que havia uma máquina de mandar calar a malta (ouvia-se um "shhhhh" a cada 15mn), em tavira a hora de silêncio era anunciada por altifalante:

"sôres campistas, são vinte e três horas, vai dar inicio à hora do silêncio. obrigado"

haviam lá uns moços muito espertos, que pela calada da noite passavam uma extensão até às tomadas dos balneários, e ao raiar do dia iam recolhe-la. não é mal pensado, não senhora..

mas o que é mesmo bonito de se ver nos campings é aquela malta que carrega *tudo*, até a iluminação vintage da sala. não consegui fotografar aquele candeeiro cheio de braços e ornamentos, com muita pena minha..

na primeira manhã que acordamos em s. miguel, tínhamos um carreiro de formigas a passar alegremente pela tenda. se calhar já remendávamos os buracos, não? fomos comprar gafa e tratamos do assunto. mas no dia seguinte, as gajas tinham voltado, não se percebia bem por onde. mas nada a fazer, que eu recuso-me a fazer linhas de pó branco à volta da tenda. além disso sou eu que estou lá a mais, não as formigas.

o problema resolveu-se por sí só, com a chegada dos campistas de fim-de-semana. um acampamento espalhafatoso assentou ao nosso lado, e trouxeram comida. muita. as formigas adoraram!
era acordar a ouvi-los a barafustar, que nem no carro a comida estava a salvo da gula das formigas muhahahah faziam barulho mas livram-nos da praga, é caso para dizer, há males que vêm por bem :D

tenho uma relação um bocado complicada com crianças e desconfio que elas topam qualquer coisa de estranho.. põem-se embasbacadas a olhar para mim duma forma tão creepy que me apetece ir a correr buscar um exorcista (só não sei bem se para mim ou para elas).

das várias situações menos confortáveis que os pequenos humanos me proporcionaram nestas férias, esta leva o prémio: a caminho do balneário, passei por um puto a rezingar em francês com os irmãos ou que eram, por não o deixarem brincar com eles. viu-me e calou-se instantaneamente.
pouco depois apareceu à porta do balneário, a uns passos de mim, que estava abancada no lavatório junto à entrada a escovar os dentes. e ali ficou, a fitar-me como se fosse uma atracção num zoo (parecia assustado e tudo). este puto era uma fotografia. os bracitos apertavam junto ao peito um ursinho peluche desbotado, tinha as faces húmidas da choraminguice e ranho ressequido no nariz.. e estava com soluços.

por momentos considerei pregar-lhe um susto a ver se aquilo lhe passava, mas depois achei que era capaz de ser má ideia.. imaginei-o a desatar num berreiro desgraçado e ir fazer queixinhas aos progenitores, e que estes não ficassem contentes com a minha (boa) acção, e eu não falo a língua para explicar que era só para livrar o amoroso petiz dos soluços. além disso, suspeito que assustar uma criança não é coisa muito adulta de se fazer. suspeito também que talvez eu ainda não seja totalmente adulta. mas isso é outra história :D

e para terminar, achievement unlocked: atingi finalmente o nível máximo de descontracção no campismo, andar pelo parque em t-shirt e cuecas. é tão. libertador (também andei em bikini, mas aquilo ali é praia anyway)!

Summertime madness // Costa Alentejana

Agosto 22, 2015

depois de uma breve passagem pela terrinha, seguimos para o último destino das férias, o já clássico eixo odeceixe - são teotónio - zambujeira.

no primeiro dia estivemos pelo carvalhal e éramos para ter ficado lá no camping, que fica perto da praia e dá para ir a pé.. mas eu não consigo. aquele chão, que nem dá para espetar as estacas da tenda e aquelas árvores não funcionam para mim, apesar das instalações serem impecáveis.

assentamos no de s. miguel e ficámos muito bem servidos. ao contraio da nossa estadia anterior, o parque estava vazio e até chegar o fim-de-semana foi uma paz, interrompida apenas pela motoreta dum velhote que guardava o parque e que gostava de passear-se por lá, às oito da manhã. tipo alvorada.

o tempo por ali não andava nem lá perto daquele que apanhamos em tavira, o que não foi mau de todo porque assim não passávamos os dias esticados na areia. houve tempo para tratar da roupa, fazer limpezas e pequenas reparações no material,

Untitled spring cleaning

moooooorfes a horas impróprias :D'

Untitled morcela de farinha

e passeio. por exemplo, se tivessemos passado o dia de papo pró ar, não tinhamos descoberto esta "sala de estar" com uma vista fabulosa sobre a praia da arrifana lol

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na azenha do mar, enquanto esperávamos por mesa, fomos a uma loja de artigos de pesca comprar um saco para carregar o chapéu e o resguardo. nessa loja - a 230km de lisboa - ficamos a saber o que é que raio atrai tanto pescador às margens do tejo: corvinas!

o saco serve o propósito na perfeição e tem estampado um lema, "pesca é a minha paixão”, que puxa logo umas piadas. mas mais piada tem quando regressamos da praia e nos cruzamos com pescadores que vão a caminho, e que ao topar o saco metem conversa connosco sobre as condições da pescaria, e nós ficamos a olhar para eles com alta poker face, a tentar decifrar o jargão e responder qualquer coisa que faça sentido muhahaha


no sábado de manhã estivemos por almograve donde participámos numa iniciativa épica, mas é coisa para merecer um post dedicado, lá chegaremos.

surprise

e à tarde, SUP na ribeira de seixe, YAY! finalmente.. mas para chegar à ponte são precisas duas horas, uma não chegou para tanto.

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ah, é verdade! comi uma bola com creme em odeceixe, para não dizerem que sem creme não têm piada lol o efeito foi idêntico ao da primeira, anyway.

e os pores-do-sol por ali continuam deslumbrantes e a proporcionar despedidas perfeitas.

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no domingo arrumámos a tralha e viemos subindo a costa alentejana, muito lentamente e a parar a cada 5 minutos, até tróia, onde demos as férias "grandes" por terminadas :)

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the end!


album completo da coisa aqui

Summertime madness // ilha de Tavira

Agosto 04, 2015

viatura cirurgicamente estacionada, que eu agradeço a disponibilidade mas gosto muito da minha pintura e dispenso decoração nova, e toca de reunir os mínimos olímpicos para levar para a ilha.

tenda e almofadas + saco cama + saco com todas as outras coisas necessárias + tralha da praia. mesmo assim foi uma carga diabólica para dois pares de braços fracotes. prá próxima não esquecer um carrinho-de-mão também.

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...e eis que ao terceiro dia, conquistávamos finalmente a ilha de tavira YAY

o camping dali funciona de forma um bocado diferente daquilo que estamos habituados. quando damos entrada temos que pagar logo os dias que vamos ficar...

hum.. mas nós não sabemos quantos dias vamos ficar. ok, começa-se com um e depois logo se vê. lá barato é.. mas tem um catch, que descobri enquanto o homem tratava das coisas: o banho de água quente paga-se.. eix.

não é muito grande, mas estava praticamente vazio, o que é fixe. montamos a tenda à sombra dum pinheiro numa zona mais afastada, que gostamos de estar à vontade e sem barulho. parecia perfeito. com ênfase no "parecia" lol mas já lá vamos.

alojamento tratado fomos conhecer os arredores e a praia, que ainda só tínhamos estado na terra estreita, a um par de km’s dali. 1...2...3...4...5...6 restaurantes. bom, à fome não morremos!

eram nove da noite e o ambiente da praia não podia ser mais acolhedor. um silêncio apenas quebrado pelo som terno do oceano e de uma ou outra ave marinha a cruzar os céus. as cores do entardecer a variar entre o dourado do pôr-do-sol e o prateado do nascer da lua no outro extremo. e a brisa quente que aconchegava o corpo e a alma, e trazia consigo o cheiro da erva-caril que se misturava com o da maresia e fazia cócegas até às pontas dos pés. bliss!!

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jantámos num dos restaurantes, praticamente com os pés na areia, e estivemos na praia até por volta da meia-noite, a curtir o enorme luar. nem apetecia sair dali. se não estávamos no paraíso, não andávamos longe :D

depois, 1€ por 5mn de água quente. ora bolas, se quiser lavar o cabelo tenho que meter outro euro..

depois, na manhã seguinte fui violentamente acordada por um camião a jardar junto à cerca do parque, uns minutos e outro veiculo tipo moto 4.. ca raio? levantei-me e espreitei.. uma "estrada”.. junto à cerca do parque.. que por acaso estava logo ali ao lado.. olha que giro. era só a única via de ligação entre os restaurantes e o cais de carga. foi a manhã toda naquilo.. e o pozedo que aqueles bichos faziam? sinfonia de espirros e nariz entupido XP

e para além dos mini tractores a passar para cima e para baixo a manhã toda, a natureza também parecia um bocado violenta. quer dizer, eram só 3 ou 4 pegas-rabudas que andavam prali numa algazarra pegada umas com as outras. uma pessoa está habituada ao canto apaziguante das rolas, até fica assustada com aquela histeria toda lol

depois pagamos 7€ pelo pequeno-almoço no bar do camping e começamos a ficar nervosos..

mas tudo aquilo se dissipou quando tirámos a temperatura à agua do mar, um caldinho, que me fazia lembrar as caraíbas, só faltavam mesmo as palmeiras. a juntar à enorme e quase deserta praia de areia fina, à tranquilidade da paisagem e ao calor que inundava aquelas paragens, valia por todas as provações que tivéssemos que passar no parque: o trânsito matinal, o pó, as pegas aos guinchos, pagar pelo duche, o preço do pequeno-almoço...

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e já mencionei que se comia bem nos restaurantes da ilha? experimentamos três dos restaurantes e nenhum nos desiludiu. que belos repastos, cada um mais guloso que o anterior :D'

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sobre história de se pagar os banhos quentes, tenho que fazer uma confissão: para algumas coisas, sou terrivelmente sovina!

tão já que tenho que pagar para ter 5mn água quente, nenhuma gota será desperdiçada!
vai daí tomámos banho sempre juntos. nada que não tivesse acontecido já, quando estamos acampados é habitual irmos ao banho tarde, quando já não anda ninguém pelos balneários. dada a oportunidade, esgueiro-me para um cubículo de duche com o homem.

era molhar à vez, esfregar o gel, e passar por água e já está.. e no dia seguinte, de manhã, lavava o cabelo com água fria, com todos os cuidados e requintes que a minha luxuriosa juba merece. problem solved!

o check out ali é até às três da tarde. todas as manhãs tínhamos que decidir se ficávamos mais uma noite ou arrumávamos a tralha e dávamos à sola.. e lá íamos religiosamente todos os dias, às duas da tarde, carregar mais uma diária. quem é que no seu perfeito juízo lhe apetecia sair daquela ilha?

Summertime madness // Galé

Julho 24, 2015

sábado. andei dias a fio a dizer que queria ter tudo pronto na sexta à noite para não desperdiçarmos um segundo que fosse das duas semanas de férias. mas entre deixar a casa arrumada, finalizar os pormenores da bagagem, carregar o carro, e ir deixar a gata à dos "avós" a coisa arrastou-se até às tantas.

passava pouco da meia-noite quando finalmente aterramos no parque. íamos todos lampeiros ao nosso spot favorito, quando..

WHAT.. DA.. FUQ??

um... surf.. camp.. aqui??? e a ocupar a melhor fatia de real estate do parque todo? EEEEEEEEEEEEEEEEEK

entrei logo em modo sheldon, ur in my spot!!

mas uma coisa é chegar lá a um sábado à tarde e ele estar ocupado, e no dia seguinte vagar e eu arrastar para lá a barraca.. outra coisa é encontrá-lo vedado e cheio daquelas tendas maricas de - argh.. vou ter mesmo que escrever aquela palavra horrorosa - glamping, que não vão a lado nenhum tão cedo.. PQP!

mas o que não falta no parque é espaço, acabámos por assentar num sitio que não era mal de todo e deixei de pensar (muito) no assunto.

domingo, primeiro dia oficial de férias. YAY!

durante uns tempos vai ser só dormir, comer, praia, comer, tomar banho, dormir - não subestimem esta rotina! é muito mais extenuante do que parece à primeira vista :D


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tivemos um dia de praia interessante, que envolveu o homem acudir um baywatcher que se voltou numa moto 4. vinha a jardar pelo areal fora, até que passou por alguma duna mais inclinada e ficou de pernas rodas pro ar. não sei se ia em missão ou se estava apenas a queimar combustivel e a perturbar a pacatez do cenário só porque sim. se foi por esta segunda, então certamente houve karma envolvido naquele pinote..

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maravilha de praia, cum caneco.. e todinha para nós!

mais tarde seguimos um conselho e demos uma corridinha descalços, e.. em pelota lol a sério que não me ocorre experiência mais libertadora. se não tivesse a depilação feita e fosse no encalço de uma potencial refeição, seria tipo regresso às origens muahahah

segunda-feira é um dia fixe no parque, que a maralha do fim-de-semana já se meteu na alheta e o clima fica bem mais sossegado (mas deixaram uns quantos episódios dignos de registo, lá chegaremos). descemos à praia por volta das três da tarde, depois de termos passado a manhã toda na ronha entre o bar da piscina e a tenda.

tough life

não dá para ver, mas tinhamos vista prá serra da arrábida

entretanto a tarde começou a arrefecer, por culpa dum nevoeiro manhoso que decidiu instalar-se muito sorrateiramente, assim como não quer a coisa. por volta das sete da tarde, já tinha tomado o céu por completo… hum, já vi isto acontecer antes e não é lá muito fixe. à noite, quando fomos jantar a melides, os meus receios confirmaram-se.. era apenas junto à costa, 5km para dentro começava a dissipar.. déjà vu!

"migo, se amanhã continuar assim, arrumamos a tralha e vamos morder o ambiente a sul" fiz saber ao homem.. nenhum outro dia destas férias de verão será desperdiçado no meu turno!

Episódios da vida no campismo II

Setembro 02, 2014

a grande probabilidade de não haver outro fim-de-semana com condições para acampar este ano fez-me querer arriscar a galé em agosto. sabia perfeitamente ao que ia e não estava muito preocupada.. há pouca coisa que as nossas mad skills de campistas não consigam dar a volta :D

sábado. chegámos lá, largamos a tenda no sitio do costume e fomos directos para a praia, que estava a abarrotar. nada que não se resolvesse com uns minutos de caminhada pelo areal fora, até um spot onde não houvesse vivalma num raio de cinquenta metros. 
às sete fechamos a loja e fomos logo fisgados ao jantar, antes da enchente. às 10 da noite estávamos de banho tomado e abancados no bar da piscina, muito bem acompanhados por umas somersby geladinhas e amendoins. zero de stresses! 

mentira.. houve um stress: o meu chuveiro favorito tinha o mecanismo de água quente avariado, tive que ir ao do lado. buáááááá!!

mas recuando umas horas no tempo.. enquanto esperávamos que o restaurante começasse a servir, às sete e meia, assistimos um grupo de tugas espertalhões a tentar a sorte.

ao chegar, deram de caras com uma pequena multidão junto à entrada principal e foram sentar-se numa mesa mais afastada, perto de uma das portas laterais que por acaso estava aberta. pouco depois, as cozinheiras começam a servir o jantar aos salva-vidas e seguranças do parque. os nossos amigos acharam que esperar era coisa para falhados e não vão de modas, entram pela porta lateral como quem não quer a coisa, e metem-se na fila para serem servidos. a malta que estava cá fora ficou um bocado aborrecida.. quer dizer, estamos ali pacientemente a cumprir as regras, e os outros entram e tão-se a cagar pró resto do mundo.. tá mal!

já estavam de tabuleiro na mão quando foram topados pelos seguranças. toma lá raspanete e ordem para voltar lá para fora, ide esperar como os demais. e só assim por causa das tosses, um deles ficou a guardar a entrada para ver se não havia mais alguém armado em carapau de corrida. gostei de ver.

entretanto, meia-noite. acaba a música ao vivo providenciada por uma banda de covers que até se safava e começa o êxodo para a praia. como esperado, a festa continuava lábaixo no bar. uma barulheira por aquele parque fora que só visto, apesar de já estarmos no suposto horário de silêncio.. virtudes do mês de agosto.

já na tenda e enfiada debaixo do edredão, ainda puxei do kindle mas o som da ondulação embala-me de tal forma que meteu comigo a dormir em menos de nada, apesar da algazarra que ia lá fora. 

mental note: tenho que arranjar uma daquelas máquinas de sons naturais, a ver se isto do mar também funciona com insónias!

por volta das três e meia da manhã despertei. o corrupio entre a praia e o parque era incessante.. se as pessoas podiam andar de madrugada por lá sem incomodar ninguém, bastando para isso reduzir o volume da voz e evitar gritos e gargalhadas sonoras, podiam.. mas enfim, não seria a mesma coisa.

no meio das vozes havia um barulho repetitivo que me estava a incomodar… possivelmente um puto de chinelos nos pés a correr de um lado pró outro, xlac-xlac-xlac e não havia maneira de parar…
à minha terceira ameaça passiva, que dali a nada saltava pra fora da tenda e mandava-lhe uma chapada nas trombas, o homem informa-me que "não é puto nenhum, são os gajos da tenda ao lado a pinar (com f)" ahh.. ok.. tá bem..

ainda tiveram naquilo uns valentes minutos até que às tantas chegaram à conclusão que sexy time na tenda é uma actividade de risco, maus jeitos acontecem com bastante facilidade e podem resultar em lesões dolorosas muhahaha anyway, entre o martelanço e os cochichos acompanhos de risadas que se seguiram, venha o diabo e escolha.

tampões prós ouvidos. tampões prós ouvidos. tampões prós ouvidos. tampões prós ouvidos. se repetir isto muitas vezes pode ser não me esqueça da próxima vez que vir acampar nesta altura.

eventualmente a galhofa acalmou o suficiente para que eu caísse novamente no sono. naquilo tudo, o que me mais me estava surpreender era não ouvir música em altos berros como bem me recorda de agostos anteriores, ouvia-se apenas uma leve batida, que se diluía no barulho do oceano.

conta o homem que pouco depois, acordou comigo a gemer de aflição. devia estar a ter um dos meus famosos pesadelos induzidos pelo campismo, mas que por acaso não tenho memória dele (uma pena), quando ouve um comentário vindo da toca dos coelhos:

"quem é que se põe a fazer (qualquer coisa que ele não percebeu lá muito bem, mas subentende-se) às cinco e meia da manhã?"

olha'mestes! tão duas horas antes távam prai num bate-chapa de tal modo furioso que parecia que vinha aí o armagedão e a vossa salvação dependia disso, mas as pessoas ao lado (ainda que não fosse o caso) já não podiam fazer o mesmo porque o barulho incomodava? que lata!

já o dia começava a raiar quando fui novamente acordada por uma zaragata entre um grupo de putos e os seguranças.. era só berros e ameaças e o caneco. há malta que realmente só está bem é metida em desacatos #YOLO!

depois disso só voltei a despertar às 11 da manhã com o chinfrim da criançada dum acampamento ali perto. podia ter sido pior lol

Férias "grandes", o post!

Julho 17, 2014

tava dificil lol

 

junho sem campismo não é junho! e como no ano passado não tivemos oportunidade de o fazer, dizer que estávamos doidos por uma semana na nossa estância de férias favorita, não faz justiça ao nosso estado de euforia quando chegámos ao parque.

 

como nas últimas férias mal parámos para respirar, estas queriam-se calmas e descansadas, estilo não mexer uma palha - e não conheço de melhor sitio no mundo que a galé para fazer render o tempo.. aliás, suspeito que existe ali um vortex que destorce o espaço e o tempo, tal não é a lentidão que os dias demoram a passar. dois parecem quatro e quatro parecem oito.. ou então é mesmo porque não se faz absolutamente nada :D

 

o que vês tu da tua toalha, isa?

(é basicamente isto.. dias inteiros deitada na areia a ver as gaivotas a deslizar preguiçosamente ao sabor da brisa, no azul do céu por cima de mim - não! nunca aconteceu nenhum "acidente" muhahaha)

 

deixámos passar o primeiro fim-de-semana por estar pegado à semana dos feriados. é uma altura que atrai magotes de jovens levados da breca ao parque, e que isso é significado de ramboiada, e que ramboiada é significado de confusão, e eu já estou com um pé na terceira idade, não me posso por a jeito dessas coisas que esfodaçam-se-me os nérves.

 

então arrumámos a tralha nas calmas e na terça ao inicio da tarde, metemo-nos a caminho. o parque ainda estava no mesmo sítio e tal como esperávamos, deserto!

 

estava deserto e deserto se manteve até ao fim-de-semana. ou foi porque a malta calçou lá toda na semana anterior, ou porque o tempo ficou assim meio xoxo e desencorajava a activade.. só sei que nunca tínhamos apanhado aquilo assim, parecia que éramos os únicos campistas de tenda. não que eu me queixe, claro. zero de filas e havia dias que nem me dava ao trabalho de vestir para ir tomar o pequeno-almoço, ia mesmo em pijama - ao fim de tantos anos já me sinto como se estivesse em casa, só não ando por lá em cuecas para não chocar as velhas muhahahah

 

o lado menos positivo em termos o parque só para nós é que na pas de parvoíces alheias com que nos entretermos.. numa semana, a única coisa assim mais parola era a "cerca" de garrafas de cerveja vazias que uns campistas tinham a circundar a tenda, que todas as manhãs tinha aumentado mais um bocadinho :D

 

uat?


(pode-se sempre fotografar bichinhos nas suas actividades habituais. a teleobjectiva da sis foi ainda mais longe e conseguiu captar um casal de lagartos a mocar, num registo digno da national geographic) 

e o tempo até podia não estar muito quente mas o sol não estava para brincadeiras. ao segundo dia de praia descuidei-me e apanhei logo um escaldão jeitoso.. não foi *de todo* bem-vindo..


tivemos apenas um dia realmente mau, em que fomos acordados por uma épica trovoada, com direito a relâmpagos na primeira fila. a tenda teve finalmente o seu derradeiro teste: resistir a uma chuvada cabrona. fiquei impressionada, pensei que aquilo alagasse tudo, mas não vi vestigios de água lá dentro w00t

 

summer is cancelled

 

mas acima de tudo, estas férias foram um autêntico deboche gastronómico!

normalmente jantamos sempre no parque, a comidinha que as senhoras cozinheiras preparam é boa e muito em conta. mas desta vez só aconteceu nos dois primeiros dias - ao terceiro (quinta) o homem estava com desejos e sugeriu que fossemos aos lagartos na tasca de melides e eu concordei, já a limpar a baba ao canto dos beiços. não havia lagartos mas havia secretos, gulosos como de costume. 

e a partir daí foi sempre a abrir!

na sexta, como eu estava de castigo por causa da minha recém adquirida tonalidade de vermelho escarlate e como tínhamos que ir a s. miguel buscar a sis que se ia juntar a nós para o fim-de-semana, fomos ao restaurante da azenha do mar mamar camarãopercebes (a 19€/kg *morri*) e salada de polvo

o jantar foi peixe fresco na tasca da vila em milfontes, que desiludiu um bocado.. renovaram o espaço e ficou mais amplo e agradável (apesar de ter perdido o ar de tasca), mas o pratos levaram um downgrade e já não vêm tão bem guarnecidos como era costume.. oh well..

 

selfie

 

(dois hipsters tiram selfies juntos à beira duma falésia em porto covo)

no sábado, o homem e a sis conspiraram para que eu os levasse à carrasqueira. ela chegou-se ao pé de mim a esfregar a barriga e a dizer que tava de apetites a arroz de lingueirão, e como eu sei que ela é apreciadora da iguaria em questão achei aquilo natural e disse-lhe que ali perto havia disso. sugeri também que aproveitássemos para ir até ao cais palafítico ver o pôr-de-sol do dia mais longo do ano.

òtempo que ouço falar naquela especialidade mas nunca tinha comido. não é mau de todo, apesar dos lingueirões se parecerem com seres extraterrestres, e serem apanhados em zonas com aspecto duvidoso.. mas não vamos pensar nisso..

mais tarde, durante a sobremesa, confessaram-me que o que ela queria mesmo era ir tirar fotos no cais e o homem disse-lhe que se ela me falasse no arroz eu saltava da toalha em três tempos - como se eu precisasse de desculpas para ir lá!!

pelo meio ainda estivemos a medir a pilinha com os fotógrafos que costumam frequentar o cais, que naquela tarde estava particularmente concorrido. as nuvens no horizonte estragaram-lhes as longas exposições - bem feita para não olharem pra minha D90 com desdenho. foi um bom dia :D

 

o dia mais longo do ano


(quer dizer.. só não me meti a fazer longas-exposições porque não tinha as pilhas no disparador.. FML)

no domingo, depois de estarmos três horas a marinar em s. torpes, fomos lanchar/jantar numa das tascas que estão junto à praia. eu e a sis enfardámos uns hamburguers deliciosos e o marido uma deliciosa tosta de frango, que escorria queijo por todos os lados, yummy!

pode não ser a praia mais charmosa do mundo - por causa da paisagem, da areia foleira junto à entrada e o aroma a peido queimado que nos entra pelas narinas adentro quando a brisa sopra de nordeste - mas até é bastante agradável, especialmente quando o mar está de feição.. a coisa aquece. literalmente!
a água quente que sai pelos canais de escoamento da termoeléctrica fica ali toda concentradinha junto ao molhe e o mar transforma-se numa banheira gigante. não tou a exagerar, desta vez até se via vapor.. quais caraíbas, qual carapuça!!
já tinha a pele toda encarquilhada e mesmo assim não queria conseguia sair de lá de dentro. eventualmente estômago cansou-se de dar horas e arrastou o meu sorry ass para terra firme, humpf..

na segunda, quando fomos devolver a sis, parámos para almoçar outra vez na azenha do mar, onde nos aterrou na mesa um brutal arroz de marisco que ainda hoje se me escorre água da boca só de me lembrar dele :D'

e os percebes continuavam a 19€/kg *chora, enquanto se lambe toda*

pelo meio ainda houve um saltinho até à terrinha, onde marcharam os maravilhosos croissants de chocolate da 29, e umas pizzas em s. teotónio, no il padrino,  bem regadas.. por somersby's - tanto insistiram comigo para experimentar aquela treta que lá decidi dar um golinho para ver se me deixavam em paz e…

...O QUE É QUE EU FUI FAZER?? 

fiquei viciada naquilo! é uma bebida estranha.. refrescante, gulosa, e que apesar de doce não acho enjoativa, e não me sabe minimamente a álcool.. o que é um problema - depois de mamar uma, quando me levanto vejo logo tudo a andar a roda.. tenrinha que sou lol não tou preocupada, mais uns dias e a coisa vai lá!

 

a descoberta do ano

 

e para terminar as férias em grande, uma patuscada de choco frito no leo, em setúbal.

not bad!

Evolução campista II

Junho 29, 2014

há dois anos atrás diverti-me a descrever a evolução da nossa experiência enquanto campistas. da cangalhada que carregávamos ao inicio, e a eternindade que demorava montar o acampamento, até à carga minimalista que nos permite assentar arraiais em 5 minutos. cada vez que leio o post desmancho-me a rir :D aqui fica o comparativo:

 

a primeira vez que fomos acampar, um fim-de-semana

 

Polo

 

tínhamos que rebater os bancos do chasso para caber tudo muhahaha

e eis o que actualmente carregamos para uma semana no camping

 

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é uma certa diferença lolao três sacos e a tenda, na foto faltam apenas as almofadas. depois de tantos anos a virar frangos, está tudo afinadinho ao milimetro, desde dos frascos do gel de duche, até à forma como estendemos a roupa na corda de modo a que não seja necessário usar molas.

o colchão do sleepin'bed é que sofreu um pequeno acidente doméstico na estreia desta temporada: bombámos ar a mais e duas das secções descolaram-se quando saltámos para cima dele.. mas até chegar ao ponto de ser impossível dormir confortavelmente, irá continuar ao serviço. 

also, oito anos depois, ainda continua a ser a minha forma favorita de passar férias \m/

Há fins-de-semana brutais...

Setembro 25, 2013

...e depois há fins-de-semana como este que passou, que foi absolutamente épico \m/

 

conseguimos aproveitar o último suspiro do verão para darmos um saltinho até à galé. não podia simplesmente deixar fugir a época de calor sem bater com os costados no paraíso, pois não? que saudaaaaaades!!

 

chegámos ao parque por volta das três da tarde de sábado, e eu nem queria acreditar na minha sorte: um calor do caneco e nem bafo de vento. parecia que estávamos em pleno junho :D

 

sem mais demoras, lançámos a tenda e siga prá praia, que aquele dia merecia ser devidamente desfrutado. tava-se tão bem que nos arrastámos por lá até quase ao anoitecer, a tarde tava maravilhosa e fez um daqueles pores-de-sol que enchem a alma, de tão bonitos que são.

 

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saímos de lá fisgados à janta e no restaurante fomos surpreendidos por uma fila como à muito não apanhávamos, e de junho saltámos para agosto!

a onda de calor apanhou-os desprevenidos e já não estavam com staff suficiente para a afluência fora do normal. sem stresses, não estávamos propriamente dito com pressa para ir a algum lado.

 

mais tarde, depois da cama insuflada e do banho tomado, crashámos no bar da piscina. dois gelados, uma lata de cácáuétes picantes, e uma castello depois, chegámos a conclusão que estávamos a desperdiçar a noite, que estava fantástica - calmissima, morninha, e iluminada por um luar poderoso que tingia a penumbra em tons de prata.

 

então e que melhor sitio para apreciar a paisagem prateada se não junto da falésia? o cenário estava de cortar a respiração, tive que ir buscar a máquina a ver se conseguia registar aquele assombro.. epá, gosto tanto, TANTO de noites assim.. parecem-me tão irreais, quase como se tivesse a sonhar. entretanto o marido disse "vou ali e já venho" e voltou munido duma toalha de praia.

 

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e ali ficámos nós, a rebolar-nos no chão enquanto a máquina ia tirando fotos. às tantas, o homem decide fotografar a lua…

 

erm… pró casal de camónes que se abancou a umas 10 jardas de nós, a fumar uma broca: não, não estávamos sobre o efeito de ácidos! 

apenas descobrimos que dá para fazer light painting com a lua, é por isso que estávamos deitados no chão, de máquina fotográfica apontada ao céu e rir às gargalhadas feitos tolos :D


(assim torna-se difícil de acreditar muhahahaha)

 

quase que passámos a noite ali, ao relento. não fosse pela mosquitagem.. é que o homem exerce um magnetismo invulgar sobre eles, iriamos acordar a meio da noite todos ferrados :/

 

o domingo amanheceu ainda mais quente. às 10 da manhã a tenda estava transformada em forno e não tive grande remédio senão abandoná-la. é uma das vantagens do campismo, não há cá ronhas até às tantas para ninguém, é por isso que os dias rendem tanto.

 

depois do pequeno-almoço e do check out feito, não tardou muito até descermos para a praia. outro dia absolutamente fantástico, quem diria que tivemos praticamente no fim de setembro uns dias de praia tão grandiosos. quase que valeram por todos os outros que ficaram por aproveitar, às contas do mau tempo.

 

mas o que é bom acaba depressa.. saímos da praia por volta das sete e meia, arrumámos a tralha nas calmas e tomámos uma banhoca. à mesma hora que o verão se despedia de nós, despedíamos nós do parque, que sete anos depois continua a ser, sem dúvida alguma, o nosso spot favorito na costa alentejana. voltamos de lá sempre com as energias renovadas e um sorriso pateta na cara heheh

 

mas antes de darmos a coisa por terminada, fizemos um desvio para ir jantar numa tasca em melides, onde fazem uns grelhados deliciosos e onde há um par de anos atrás, assisti a um possível recorde do guiness - um velhote franzino, a devorar uma travessa inteira de caracóis sozinho, mas com uma sofreguidão tal que me deixou impressionada. MAN, eu gosto *bastante* de caracóis, mas jamais conseguiria comer tantos e em tão curto espaço de tempo :D

bom, não havia lagartos, mas os secretos tavam bem bons!

 

e pronto, hora e meia depois aterrávamos em casa, todos felizes todos contentes, onde fomos recebidos por um gato com ar de poucos amigos, mas cheio de saudades.

Episódios da vida no campismo I

Agosto 24, 2013

apesar de ser uma actividade que adoro, compreendo perfeitamente porque razão só a palavra é suficiente para causar suores frios a muita gente.. não é coisa para todos os estômagos, especialmente em época de enchentes.

 

para começar, as vergonhas e os pudores têm que ficar em casa. num parque pejado de campistas, privacidade, nem que seja para dar um peidinho (não que eu tenha problemas em que os oiçam :D) é um conceito que pura e simplesmente, não existe.

 

(e se não conseguem ouvir alguém a mandar uma cagada ruidosa enquanto escovam os dentes, nem vale a pena sequer considerar a ideia, campismo não é para vocês muhahaha) 

 

a boa notícia é que só faz confusão ao principio, depois a malta habitua-se. juro lol

 

srly, ultrapassado o constrangimento inicial, torna-se numa experiência absolutamente libertadora :D por exemplo, uma das coisas que mais gozo me dá quando estou acampada, é pela manhã, quando saio da tenda e vou meio a cambalear em direcção aos balneários, ensonada e ofuscada pelo sol, apesar dos óculos escuros na tromba.

é ver-me a atravessar o parque em calças de pijama e t-shirt largueirona, toda desgrenhada e babada, com um ar completamente ressacado. ninguém liga um piço. pelo caminho cruzo-me com pessoas que ainda estão mais à vontade do que eu, que ainda me dou à chatice de vestir calças. mas agrada-me a naturalidade com que se anda pelo parque, só de t-shirt e cuecas ou em pelota pelos balneários e se passeiam rolos de papel higiénico caçados no sovaco.

 

also, podermos andar uma semana inteira sempre com a mesma roupa que ninguém liga :D

 

adiante!

 

tenho plena noção que acampar em pleno agosto é tramado - gente aos magotes, confusão, filas*, barulho, etc - ainda assim decidi arriscar. se se tornasse insuportável tinha bom remédio.

 

o parque eleito para estas férias foi o de s. miguel, a dois passos de odeceixe. a destacar, a sua localização, sombra fornecida por pinheiros, piso macio e sem grandes irregularidades, instalações porreiras, estacionamento exterior enorme, e o esquema de pulseiras à festival de música é de longe mais fixe que cartões de acesso. contudo tem alguns pontos menos positivos:

 

é barulhento.

 

fica situado paredes-meias com a N120, uma estrada bastante movimentada dia e noite. e apesar de não ser permitido levar animais, os cães da povoação ali perto encarregam-se de fornecer som ambiente 24 horas por dia.

mas imperdoável foi (é?) mesmo o horário para a recolha da reciclagem. amigos, oito da manhã não é uma boa hora para despejar o vidrão. puta que pariu!

 

é pequeno.

 

não consegue oferecer o isolamento que os campistas anti-sociais como nós procuram. a zona mais afastada da entrada é a zona favorita da malta que leva o carro atrás, algo que eu, para além de não compreender, não aprecio.. quanto muito, leva-se o carro para descarregar o material, depois vai para o estacionamento. suponho que o comodismo fala mais alto..

 

fora isso, é um excelente sitio para assentar e conhecer as redondezas. fica situado próximo de praias lindíssimas, falésias incríveis, restaurantes fabulosos e povo simpático.

 

os parques de campismo são como organismos vivos, sempre em constante metamorfose. como neste o check out é até ao meio-dia, todas as manhãs havia gente a arrumar a trouxa e todas tardes o espaço aparecia reconfigurado. nuns dias tínhamos mais espaço para respirar, noutros távamos cercados por tendas, praticamente coladas à nossa, apesar da regra dos dois metros. 

 

apanha-se todo o tipo de campistas nesta altura. desde os boa-onda aos que não sabem dar férias ao stress - acordávamos muitas vezes com a malta aos berros, entre adultos e crianças e o cagaçal produzido pela preparação do pequeno-almoço (respeito pelos que dormem na tenda ao lado, esquece lá isso..) assim como carros a circular. dormir até tarde é praticamente impossível.. da próxima levo tampões para os ouvidos.

 

e se há coisa que quase todo o campista curte é assadas. no nosso pedaço não faltavam fogareiros.. se me esquecia de tirar a toalha da corda antes de irmos para a praia, quando chegávamos à noitinha, para além de ter a toalha a cheirar a fumeiro, conseguia adivinhar qual tinha sido o jantar da vizinhança.

 

a hora de silêncio é respeitada e o parque mergulha numa tranquilidade (interrompida apenas pelos carros a jardar pela N120 e os cães a ladrar na vizinhaça) quase absoluta. quase… é quando começa a hora do ronco!

 

as nossas passeatas nocturnas pelo parque incluíam breves pausas para apreciar a diversidade sonora dos ressonares que brotavam das tendas. uns pareciam que estavam a serrar lenha, outros pareciam traineiras, outros cavalos a relinchar. aquilo tudo combinado, parecia uma orquestra. ainda proporcionaram umas barrigadas jeitosas de riso - mudo, claro! 

 

eventualmente o universo achou que já tínhamos gozado o suficiente e pregou-nos uma partida. numa das noites em que estávamos completamente cercados por tendas, foi um festival: três roncadores natos, um de cada lado da tenda, e muitos outros ao de longe, cujo ressonar ecoava pelo parque. ora, em termos de ruído, dormir numa tenda ou dormir ao relento é exactamente a mesma coisa. tão, nessa noite adormeci embalada pelo ressonar daquela gente toda. em uníssono, produziam uma sinfonia estranhamente.. agradável LOL

 

.. e por descobrir ficou o misterioso "shhhhhhh" que se ouvia volta e meia depois da meia-noite. perguntámos a um vigilante do parque, que nos disse ser uma coruja.. duvido muito, cá para mim é uma máquina de mandar calar o pessoal muhahahah

 

já recomendava o parque antes e agora depois de experimentar, continuo a recomendar. mas evitem a época alta de agosto, para terem uma estadia mais descontraída e desafogada :)

 

*as filas são a menor das preocupações, basta não utilizar as instalações na hora de maior afluência. por exemplo, pequeno-almoço, nunca antes das 10h, e banhos só depois das 23h (ou então de manhã). it works

 

btw..

 

ò senhores da decathlon, tenho uma sugestão vos para dar!

nesta altura os campings estão a abarrotar de tendas adquiridas nas vossas lojas, diria que 8 em cada 10 são quechua, na sua grande maioria seconds, que abri-las todàgente consegue, mas fechá-las é outra historia.. o meu homem ajudou praí meia-dúzia de clientes vossos.

seria bem lembrado, vocês botarem colaboradores nos parques, para ajudar/ensinar a malta a fechar o raio das tendas (tipo serviço de assistência pós-venda), que aquilo é deveras frustrante.. bem sei que não precisam de publicidade, que o material fala por si, mas seria um golpe de marketing brilhante, hem.. que tal?

'Le me

tem idade suficiente para ter juízo, embora nem sempre pareça. algarvia desertora, plantou-se algures na capital, e vive há uma eternidade com um gajo que conheceu pelo mIRC.

no início da vida adulta foi possuída pelo espírito da internet e entregou-lhe o corpo a alma de mão beijada. é geek até à raiz do último cabelo e orgulha-se disso.

offline gosta muito de passear por aí, tirar fotografias, ver séries e filmes, e (sempre que a preguiça não a impede) gosta praticar exercício físico.

mantém uma pequena bucket list de coisas que gostava de fazer nos entretantos.

'Le liwl

era uma vez um blog cor-de-rosa que nasceu na manhã de 16 de janeiro, no longínquo ano de 2003, numa altura em que os blogs eram apenas registos pessoais, sem pretensões de coisa alguma. e assim se tem mantido.

muitas são as fases pelas quais tem passado, ao sabor dos humores da sua autora. para os mais curiosos, aqui ficam screenshots das versões anteriores:
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